Muito se
discute atualmente com relação à postura doutrinária a qual a igreja de Jesus
Cristo deve tomar. Atualmente existe um esforço muito grande por parte de
alguns em introduzir para dentro das denominações cristãs doutrinas e
ensinamentos pertencentes ao judaísmo, mesmo naquelas denominações que se dizem
contrarias ao judaísmo. Trazendo assim para dentro da igreja dogmas desnecessários
para a comunidade, impondo cargas que não contribuem e não são importantes para
a salvação.
Mas, o que percebemos e ao contrário de que afirmam alguns, isso se
torna um empecilho para a igreja haja vista que nos primórdios da igreja às
práticas judaizantes foram uma tremenda pedra de tropeço. E por isso a igreja
de Jerusalém corria o risco de se transformar em um movimento religioso
como outro qualquer da Judéia. Se não fosse a sábia decisão dos Apóstolos, a
Igreja de Cristo estaria fadada a um fortuito fracasso já em seus primórdios.
Porém, o espírito de Deus conduziu o Concílio de Jerusalém,
orientando os apóstolos a uma sábia decisão. O concílio de Jerusalém foi vital para
a expansão do cristianismo.
Devemos compreender que as decisões adotadas no
concílio são para os dias atuais. Outro fato marcante é que não existe a menor
necessidade de procurarem estabelecer dogmas e doutrinas, como e comum na
cristandade. Se os apóstolos não dessem uma resposta autêntica aos judaizantes, o
cristianismo se tornaria apenas mais uma facção judaica ou uma mera religião
ascética, que não sairia da Judeia.
Gl.
5.1-3. Sob a direção do espírito de Deus, a crise foi superada, e a
liberdade do Evangelho foi preservada, como herança para, as gerações futuras. Este
concílio foi necessário, pois os cristãos judaizantes desejavam impor uma carga
muito pesada aos gentios, a qual nem os seus próprios pais suportaram. Ao
retomar da primeira viagem, Paulo deparou com um problema sério no meio dos
judeus cristãos. Ele havia descoberto a fórmula da transculturação, ou seja,
evangelizar os gentios sem os judaizar.
Os radicais que permeavam a Igreja, os
judaizantes, queriam que esses novos crentes seguissem o modo de vida deles.
Essa discussão deu origem ao Concílio de Jerusalém. Deus abriu a porta da fé aos gentios. At. 11.17-18; 14.27. Outro problema surgiu sobre a situação deles:
deviam ser judaizados? Essa questão era séria e podia ameaçar as bases do
Cristianismo. Alguns dentre os de Jerusalém foram a Antioquia, dizendo que os
gentios deviam se tomar judeus para serem salvos. Diziam que os gentios deviam
viver o estilo de vida judaico, prescrito na lei. At. 15.1 e 5. Isso era proveniente dos fariseus que se haviam
convertido. At. 15. 3 e 6.
Eles se
apresentaram como vindos da parte de Tiago. GI. 2.12, que jamais os autorizou como ele mesmo declara em At. 15.13 e 24. Saíram da igreja em Jerusalém,
realmente, mas não foram autorizados a falar em nome dos apóstolos. Em Antioquia
da Síria, eles os judeus fizeram um estrago muito grande. Até Pedro e Barnabé
se deixaram levar por essa "dissimulação", fazendo "vista grossa"
GI 2.11-13. Paulo entendeu com
clareza meridiana o que isso representava e com justiça ficou revoltado.
Repreendeu publicamente um dos principais líderes da Igreja GI. 2.14.
Havia grande discussão, quando Pedro se
levantou, chamando a atenção dos ouvintes. Ele evocou a revelação que recebeu,
antes de ir à casa de Cornélio. Lembrou ainda que Deus o escolheu para falar
aos gentios, uma alusão à experiência na residência do centurião. A declaração de Pedro nos versículos
de At.11. 1-3 e 10. 34 revelam que
ele concordou com Paulo na discussão da Antioquia da Síria. São as mesmas
palavras que o apóstolo dos gentios usou em Gl. 2.16.
A experiência de Paulo e Barnabé, na primeira viagem, é
um testemunho vivo, como Deus tratou com os gentios de maneira extraordinária,
sem o ritualismo judaico e sem os seus encargos. Isso era a prova de que essas
práticas não serviam para a salvação. Esse testemunho esmagador de Paulo e
Barnabé, somado ao discurso de Pedro, testificava contra os judaizantes. At. 15.12. Tiago esperou que Pedro,
Paulo e Barnabé. Apresentassem o seu parecer sobre o assunto, para depois tomar
a palavra.
A citação de Amós 9.11-12
é apenas uma das muitas passagens do Antigo Testamento que prevê a salvação dos
gentios. SI 22.27; Is 45.22.
Jesus determinou que se pregasse a todas as nações. Mt 28.19; Lc 24.47; At. 1.8. A expressão "povo para o seu
nome" era usada com referência a Israel. No entanto, Tiago reconhecia que
a Igreja era um povo com essa dignidade, constituído de judeus e gentios
convertidos ao Senhor. O que os demais participantes do evento acabavam de
ouvir de Pedro, Paulo e Barnabé, era o cumprimento das promessas de Deus e
profecias do Antigo Testamento.
Por isso, Tiago dirigiu-se, respeitosamente,
aos presentes, chamando-os de "irmãos". Não tinha intenção de atacar a ninguém, mas o seu compromisso
era com a Palavra de Deus. A citação parafraseada que Tiago faz nas palavras de
Pedro se reveste de suma importância, porque descarta a possibilidade de o
Cristianismo ser uma seita judaica: At.
15. 14. Assim como Israel era uma nação, da mesma maneira seria a Igreja. As
quatro características de Israel, Pedro aplica também à Igreja: "Mas vós
sois geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, e o
povo adquirido" lª Pe 2.9.
At. 15.29. Ao contrário do que muitos ensinam, Os gentios
não observavam nenhuma dessas coisas, caso observassem não lhes seria pedido
que observassem tal preceito, isso é ponto pacífico. A expressão "destas coisas fazeis bem se vos
guardardes" é uma recomendação. Tiago acrescenta ainda: "Porque
Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue e, cada
sábado, é lido nas sinagogas" (v. 21). Isso significa que os judeus tinham
um alto padrão de conduta e um modo de vida exemplar, porque estudavam sobre isso nas sinagogas todos os sábados. Portanto, não era necessário
recomendar isso para eles. Os gentios não aprenderam os bons costumes, porque
nunca tiveram quem os ensinasse.
Por essa razão, o modo de vida deles era
precário. Aplicar essa conduta judaica aos gentios era o mesmo que afirmar que
a graça do Senhor não era suficiente. E que a lei de Moisés seria o complemento
para a salvação. Isso reduziria o Cristianismo a uma mera seita do judaísmo e,
além disso, confundiria com a identidade judaica. Nesse caso, era como se os
cristãos de hoje usassem o talit (manto usado pelos judeus religiosos) e o kippar (que eles usam sobre a
cabeça) (barbas) além de outros ritos, como condição para a salvação.
Os
apóstolos decidiram estipular regras que coordenaria a igreja cristã. Sendo
assim Tiago tomou a palavra, e disse em At.
15. 19-20. Perturbar os gentios com que? At. 15.28. Percebam também que os mandamentos que foram passados
pelos apóstolos não foram formulados por homens (pareceu bem ao espírito
santo)... Percebemos também que esse
ensinamento não ficou restrito somente em Jerusalém, mas imediatamente os
apóstolos se reuniram e instruíram outros a levarem o que por eles e pelo
espírito santo foi decidido. At.
15. 22-24; At. 16.4; At. 21.25.