sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sábado, uma questão moral ou cerimonial?


A bíblia apresenta a lei de Deus e a lei de Moisés como sendo termo sinônimo, mas algumas denominações preferem ensinar que são leis distintas (Ver esta Postagem.) http://evandro blogdoevandro.blogspot.com.br/2012/03/lei-de-deus-e-lei-de-moises-termos.html Fazem isso dizendo que a lei encontrada em êxodo 20 são leis morais e que, portanto são eternas.

O que realmente é a moral e a ética? A palavra moral vem do (Latim mores.) Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem na sociedade a qual Ele faz parte. Sendo assim, aquilo que foi implantado como certo, para esse grupo é algo moral. Lógico que para nós os cristãos, nem tudo que a sociedade considera como sendo moral nós temos como certo isso é ponto pacifico.

Mas, dentro do princípio cristão, moral são as normas, costumes, os mandamentos, hierárquicos e religiosos implantado na sociedade. Já a ética vem do grego (ethos) e é um conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive. Ética significa aquilo que pertence ao caráter.


Algumas denominações cristãs enfatizam que estamos vivendo debaixo da primeira aliança, ou melhor, ensinam, argumentam, fazem lavagem cerebral, até mesmo brigam dizendo que ao menos estamos debaixo dos dez mandamentos como aliança, pois esses mandamentos não podem ter sido abolidos como aliança. Argumentam eles que os dez mandamentos são leis morais e por isso de maneira nenhuma podem ter sido abolidos.

Imaginem então o povo de Israel sendo instruídos acerca das leis que deveriam lhes orientar a conduta. Para qualquer judeu dos dias bíblicos qualquer mandamento era considerado como um mandamento moral, pois, baseado no que vimos moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem na sociedade a qual ele pertence.

Se alguém objetasse um judeu a não participar do ritual do sacrifício, tal individuo estaria agindo contra os padrões morais que regiam a conduta israelita. O mesmo se daria contra as leis da purificação, ofertas, circuncisão e tudo mais. Analisando desse ponto de vista realmente os dez mandamentos são leis morais, alias não só os dez mandamentos mais todo o conjunto de normas que regulamentavam o povo judeu.

Porém, para nós nem tudo que era moral, ou seja, nem tudo que regia a conduta religiosa dos hebreus podemos considerar como ético, as cerimônias em todas as suas formas são um exemplo. Já no novo testamento Cristo e seus apóstolos deixaram através da igreja leis morais e éticas as quais nós os cristãos devemos atentar.  Mt. 5.21-22; 5.27. Este é só um pequeno resumo das leis morais e éticas que atualmente regulamentam ou deveriam regulamentar o cristão.

E a questão do sábado? Realmente o sábado foi designado na bíblia como sendo o dia de Deus e no período da antiga aliança todos os que não o observavam eram passiveis de pena de morte. Ex. 31.15, porém ao analisarmos a questão, nós veremos que o sábado se encaixa dentro dos preceitos cerimoniais. Se bem que não existiam tais divisões no antigo Israel, entre cerimonial e moral, até pelo fato de que isso regia a nacionalidade e então era considerado como sendo de ordem moral. E consequentemente uma questão de ética.

Mas para ilustrarmos a questão, e mesmo para analisarmos segundo o que os sabatistas ensinam, ou seja, de que existe uma divisão de leis entre moral e cerimonial nós veremos que o sábado do sétimo dia se encaixa dentro da ordem das leis cerimoniais.

Lv. 11.39-40; 17. 15-16. Estes versos retratam um pequeno resumo da lei cerimonial da purificação, percebemos que apesar de terem as vestes e os corpos lavados os indivíduos ficavam imundos, mas somente até a tarde. Por que tal ensinamento nos leva a crer que seja um ato cerimonial?

Pelo fato de se constituir de ordenanças, tais como tocar no cadáver, lavar as mãos, as vestes, e mesmo pelo fato da água em si não limpar prontamente o individuo, dependia de chegar à tarde para que o processo de purificação ficasse completo. O que a noite poderia fazer para trazer a purificação? Nada, simplesmente um rito.

Assim também é o sábado, o que a observância de um dia com horário determinado tem de moral e ético dentro do nosso contexto? Por exemplo: supondo que o horário do término do por do sol do sábado seja às 18 horas, então as 17:59 eu pela lei do sábado não posso tratar dos meus interesses, Is. 58.13, nem acender fogo Ex. 35.3, nem mesmo carregar carga nas horas de sábado, Jr. 17.21.

Um minuto depois as 18: hs. Se eu vier a realizar qualquer um desses itens relacionados tal ordenança deixa de produzir pecado, neste caso percebemos que não existe um conceito ético nestas questões, pois algo que de um minuto para o outro deixa de ser transgressão não pode ferir a norma.

O fato de o mandamento ser determinado por horário faz com que ele se encaixe na lista de ordenanças cerimoniais, e não fere a moral cristã. Já para o povo judeu tal ordenança era visto como algo que não só feria a moral como também a ética, alias todas as ordenanças para um povo que é regido por elas, quando alguém não as cumpre está ferindo seus princípios.

Raciocinem então: um minuto faltando para o término do sábado, ficamos restritos pela lei de fazermos algo lícito que não fere a moral e muito menos a ética, porém perante a lei “somos” transgressores. Um minuto depois termina o sábado, pronto, não somos mais transgressores se fizermos as mesmas coisas lícitas as quais um minuto antes propomos fazer.

Isso não é simplesmente um ato cerimonial? Dentro do nosso contexto o que tais ações seriam imorais ou antiéticas? Por que se eu fizer uma obra lícita dentro das horas do sábado terei que ser considerado como transgressor e mesmo de ser tratado como imoral? Se a mesma obra que eu venha realizar após o sábado não será considerado como imoral?

Mas muitos irão objetar da seguinte forma: “o sábado está dentro dos mandamentos, é ordem de Deus, por isso é dever nosso observá-lo”. A resposta a esta questão é simples, (1) Não existe uma separação de leis, isso foi fruto dos sabatistas, sendo assim teríamos que observar todos os mandamentos. (2) Lei cerimonial e lei moral, não se encaixa no perfil bíblico é somente convenção adotada pelos sabatistas. (3) Vimos que moral e ética não corresponde ao que é ensinado pelos sabatistas, no que concerne a questão do sábado.
Outra objeção que será encontrada é a seguinte: A questão não é fazer mais sim obedecer, Deus mandou e pronto... Concordo que Deus tenha mandado, mas discordo do fato de ela pertencer ao rol de lei moral. 

E acredito piamente que o fato de observar o sábado segundo os ditames da lei não me faz agradável a Deus. (1) Deus não se agrada de nada mecânico, ou seja, “acabou o por do sol, vamos lá então”... (2) na integra não guardamos sábado coisa nenhuma. (3) a salvação não é concedida por guardarmos a lei, pelo fato de não guardarmos. (4) não existe uma ordem específica dos apóstolos na nova aliança para que o sábado seja observado. (5) Deus não criou para os gentios um contexto propicio que os possibilitasse a guardar o sábado, assim como Ele fez com os judeus.

 Vários preceitos que eles ensinam como lei cerimonial que não está registrado nos dez mandamentos, mas dentro da ética cristã nós devemos observá-lo. Eis alguns. Dt. 19.14; Lv. 19.15, 16 e 18. Apesar de a bíblia dar um destaque para os profetas e deles serem honrados pelo seu povo e apesar de algumas denominações dizerem que podem instruir os seus membros, pois eles são amparados por profetas e profetizas percebemos que o novo testamento não tem os profetas como aqueles que iriam reger os cristãos.

1ª Co. 12.28. Sendo assim na era cristã os apóstolos e não os profetas foram instituídos por Deus a não só comandar a igreja, mas instruí-la. E é aí que entra o apostolo Paulo, uma autoridade instituída por Deus para nós os gentios. Sendo assim no desenvolvimento da igreja cristã quais foram as regras estabelecidas por Paulo para os cristãos, não só coletivamente, mas individualmente? Rm. 6.6 e 12; Ef. 4.22; Gl. 5. 19-21; 1ª Co. 6. 9-10; Gl. 5.22-24.

O mais interessante disso tudo é que nas admoestações daquele que foi posto por Deus como o apostolo dos gentios, quer seja descrevendo as obras da carne quanto às obras do espírito, não há nenhuma referencia a guarda do sábado; neste sentido aqueles que não observam o sábado não são considerados por Ele como transgressores ou praticantes das obras da carne, e também não existe menção de que os que “guardam” o sábado praticam as obras do espírito. Fica explicito pelas declarações de Paulo que a moral e a ética não estão ligados a observância de um dia. Rm. 14. 5-6.