quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Mateus 28.19 e 1ª João 5.7 provam a trindade?


Segundo a sociedade bíblica do Brasil o texto de 1ª João 5: 7 e 8. Não faz parte do original grego, sobre isso o Dr. Bruce Metzger, um trinitariano e uma das maiores autoridades atuais sobre os manuscritos gregos do novo testamento que coopera com as sociedades bíblicas unidas, a fraternidade da qual a sociedade bíblica do Brasil faz parte disse:

Todos os manuscritos Gregos mais antigos do novo testamento datados do segundo e terceiro séculos omitem as palavras: no céu, o pai, a palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três que testificam na terra. Segundo o Dr. Metzger, estas palavras só começaram a aparecer em comentários e sermões sobre o texto de 1ª João no final do século IV e muito posteriormente em um manuscrito latino do século treze.

O Dr Metzger disse ainda que as palavras aqui em questão podem ter sido o comentário que um copista fez na margem do pergaminho em que trabalhava, e posteriormente outro copista incorporou o comentário marginal ao texto bíblico. Vejam em: 

http://www.sbb.org.br/interna.asp?areaID=68  Sendo assim de forma coerente o texto de 1ª João 5.7 e 8. Não serve para provar a trindade, para os trinitarianos o jeito é apelar para Mateus 28. 19 e 20. Que diz: (Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do pai, do filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.) 

No entanto, esta formula batismal tem trazido controvérsia entre os estudiosos por diversas razões: A sugestão de existência de uma trindade não se coaduna com a crença monoteísta do público alvo do evangelho de Mateus, os judeus.

O contexto do capítulo 28. Especialmente o verso 18. Diz que toda a autoridade foi dada a Cristo. Isto sugere, naturalmente, uma ação posterior em nome de quem tem e delega a autoridade, no caso, em nome de Jesus apenas. Todas as orientações de Cristo e as ações dos discípulos, no caso, milagres, as reuniões, orações, pregações, e advertências, foram feitas em nome de Jesus apenas.

Posteriormente os discípulos batizaram também em nome de Jesus somente, este episódio está relatado no livro de atos. Há evidências de que a fórmula batismal trinitariana não conste no original, mas tenha sido adicionada posteriormente. Passaremos a analisar cada uma destas causas de controvérsias.

O objetivo de Mateus com o seu evangelho era alcançar os judeus, convencendo-os de que Jesus Cristo era o Messias descrito pelos profetas do velho testamento. Assim como Moisés foi o libertador do povo de Israel, Mateus apresenta Jesus Cristo para os judeus como aquele que os libertaria do pecado e estabeleceria o seu reino. Tendo como o público alvo os judeus, causa-nos no mínimo alguma estranheza a menção de uma formula batismal que sugira a existência de uma trindade jamais aceita pelos destinatários do seu evangelho.

A crença dos judeus se baseia totalmente no velho testamento, onde não há qualquer sugestão da existência de um Deus composto por três pessoas. Baseados no velho testamento, os judeus aceitam um único Deus e a proposta de um Deus tríplice soaria absurda. Ademais, o objetivo de Mateus não era convencê-los da existência de uma trindade, mas mostrar Jesus como Messias, o libertador espiritual de Israel. Como em todo o texto controvertido, temos que dedicar tempo e esforço para a compreensão não apenas do verso em questão, mas também do seu contexto.

Neste ponto devemos compreender claramente o que significa fazer algo em nome de alguém. Mt. 28.18. Toda autoridade foi dada para Cristo. Quem lhe deu tal autoridade? A bíblia declara que o pai concedeu ao filho toda autoridade. Jo. 5.26-27. Jo. 17.1-2. Rm. 13.1. Ap. 2.26-27.

Percebemos nestes versos que a autoridade a que Mateus se refere é a autoridade que Cristo recebeu do pai, e não da trindade. E por isso Jesus agia em nome do pai. Jo. 5.43. Seria esperado, portanto, na sucessão natural da grande comissão que Jesus comissionasse os discípulos como seus representantes, seus procuradores.

A ordem natural de Cristo seria que os discípulos agissem em nome daquele que lhes conferiu a autoridade, ou seja, em nome de Jesus somente, pois era Jesus que estava concedendo autoridade aos seus discípulos naquele momento. Assim como a autoridade que Jesus possuía foi derivada do pai e por isso Jesus agia em nome do pai, da mesma forma a autoridade que os discípulos possuíam era derivada de Jesus, e o esperado seria que os discípulos agissem em nome de Jesus apenas.

At. 4.5-10. Porém surpreendentemente, embora a autoridade tenha sido concedida por Cristo, o texto que lemos em quase todas as versões da bíblia hoje é para que os discípulos batizem em nome da trindade. Isto é no mínimo muito estranho! Toda a regra de concessão de autoridade e ação em nome de quem concedeu a autoridade é quebrada.

O natural seria: o pai concede autoridade ao filho, o filho por sua vez atua em nome do pai, e concede autoridade aos seus discípulos, que por sua vez estes atuam em nome de Jesus, pois foi quem lhes concedeu autoridade. O livro de atos relata vários batismos, mas nenhum deles foi realizado em nome da trindade, os exemplos que temos da era apostólica demonstram claramente que os batismos foram realizados em nome de Jesus apenas.

Vejamos alguns exemplos: At. 2.38; 8.16; 10.48; 19.5. Por que os discípulos batizaram em nome de Jesus, e não em nome do pai, do filho e do Espírito Santo? Por que os batismos atualmente são em nome da trindade? E isso baseado em apenas um verso e ignorando todos os demais que ensinam que o batismo deve ser em nome de Jesus?

Em nome de quem Paulo diz que "fomos batizados" Rm. 6.3. Exortando sobre a necessidade de unidade em Cristo, o que Paulo pergunta aos coríntios? 1ª Co. 1.13. Embora este verso não diga tão claramente quanto os anteriores que o batismo é em nome de Jesus, há evidência clara da intenção do apóstolo.

Escrevendo aos gálatas, Paulo reafirma o que foi dito até o momento. Gl. 3.27. Não apenas os batismos foram realizados em nome de Cristo, mas todas as palavras e obras dos cristãos devem ser em nome de Jesus Cristo, não em nome do pai, do filho, e do Espírito Santo. Cl. 3.17.

Paulo recomenda que tudo deve ser feito em nome de Jesus. O que está incluído nesta expressão "tudo"? Todas as coisas estão incluídas aqui inclusive batismos. Além do batismo as orações devem ser feitas a Deus em nome de Jesus apenas. Jo. 14.13-14; 15.16; 16.24-27. Advertências admoestações e repreensões foram feitas em nome de Jesus e nunca em nome da trindade.

1ª Co. 1.10; 5. 4. 2ª Ts. 3.6. Nenhum milagre foi feito em nome da trindade, mas em nome de Jesus. Mt. 7.22. Mc. 9.38-40; 16.15-18. Lc. 10.17. At. 3.6; 4.7-12; 4.30; 16.18.

As obras de caridades também foram realizadas em nome de Jesus. Mt. 18.5. Mc. 9.37 e 41. Lc. 9.48. Até mesmo as reuniões espirituais e pregações devem ser feitas em nome de Jesus e nunca em nome da trindade. Mt. 18.20. Lc. 24.46-47. At. 4.18; 9.27 e 29. Ef. 5.20. Tg. 5.10.

Até o Espírito é enviado em nome de Jesus. Jo. 14.26. Enfim como diz Paulo, tudo deve ser feito em nome de Jesus, pois nossa salvação é também em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Jo. 20.31. At. 4.12. 1ª Co. 6.11. Vejam o que diz a Bíblia de Jerusalém – Edições Paulinas – 1991, pg. 1896, em nota de rodapé sobre Mateus 28.19. “É possível que, em sua forma precisa, essa fórmula reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade primitiva. Sabe-se que o livro dos Atos fala em batizar “no nome de Jesus” (cf. At. 1,5 + 2,38 +). Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas da Trindade.”

Analisando o mesmo contexto no livro de Lucas, vemos que após a sua ressurreição Jesus esteve reunido com os seus discípulos e disse: (e em seu nome, pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. Lc. 24.47. Vejam que aqui as palavras se diferem de Mateus 28.20