A
cristandade com poucas exceções são imortalistas, (termo utilizado para aqueles
que acreditam na permanência da vida após a morte.) Em outras palavras
acreditam que após a morte o ser humano tem um encontro com Deus desfrutando assim das bênçãos eternas.
Algumas objeções a este pensamento: se o ser humano já
desfruta das glórias eternas com Deus, para que a ressurreição? Logo temos um
paradoxo, pois a ressurreição é um ensinamento bíblico ao passo que a
imortalidade não é. E para preencher essa “lacuna” teológica, ensinam que o
corpo precisa ressurgir para se encontrar com a alma. Mas, tal ensinamento não
tem apoio bíblico.
Imaginem se a alma se desprendesse do corpo e fosse viver as
delícias do paraíso como é ensinado nas denominações cristãs, para somente
depois no juízo o corpo ser ressuscitado e formar novamente a unidade corpo
alma, tal ensinamento veiculado pela igreja católica foi necessário para
conformar com a ideia bíblica da ressurreição. Como vemos foi necessário um
malabarismo teológico para conformar a ideia da imortalidade da alma.
Outra
objeção a imortalidade da alma se encontra no fato da ausência do ente querido,
ou seja, imaginem se determinada pessoa morre e vai para o céu, como estão
emocionalmente os seus parentes e amigos? Tristes naturalmente! Mas, por outro
lado a alma está alheia as tristezas e sofrimentos dos seus familiares, e pouco
se importando com os que “ficaram”. Chegaram ao absurdo de desenvolver o dogma
da interseção dos santos, acreditam que os salvos ou as almas salvas que estão
no céu podem interceder pelos seus que ficaram aqui na terra, isso é
completamente contrário as escrituras, não existe apoio bíblico e nem mesmo
lógico.
Imaginem se alguém é assassinado, por que então tal pessoa, ou melhor,
tal alma não descreve para as autoridades quem foi que o matou? Se fizesse o
espiritismo estaria certo. Como não existe tal fato a igreja ensina que a alma
não pode entrar em contato com o mundo dos “vivos’. Outras objeções a
imortalidade da alma são as seguintes: O termo alma, no hebraico e mesmo no
grego não coaduna com a ideia de um ser se desprendendo de um ser humano. Em
hebraico a palavra alma (nephesh) significa
várias coisas e entre elas estão: vida, criatura, pessoa, apetite, mente, ser vivo,
desejo, emoção, paixão, ser vivo (com vida no sangue) lugar dos apetites, lugar
das emoções e paixões, atividade da mente.
Nada diz a respeito de algo
desencarnado. Quanto ao grego do novo testamento o mesmo é dito sobre a alma (Psychē), porém a igreja usou dos ensinos de Platão para dar
suporte à imortalidade da alma, observem o que Platão disse na parte IV do seu
livro “República” Platão concebe o homem
como corpo e alma. Enquanto o corpo modifica-se e envelhece, a alma é imutável,
eterna e divina. A alma inteligente presa ao corpo um dia foi livre e
contemplou o mundo das idéias, mas as esqueceu.
Além das objeções
lógicas que vão contra a imortalidade natural da alma, existem também versos
bíblicos que apoiam o aniquilamento da mesma, e por incrível que pareça são os
mesmos versos utilizados pelos imortalistas, os quais usam com o intuito de dar
suporte a sua doutrina. Antes, porém é preciso salientar que os imortalistas
fazem “guerra” aberta a alguns versos bíblicos, os quais são usados para dar
suporte o aniquilamento do homem na morte.
Ec.
9.5-6 (Porque os vivos sabem que hão de
morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles
recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para
eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz
debaixo do sol.) A “guerra” consiste em insistirem que o verso não descreve o aniquilamento
total do homem, só em partes, em outras palavras, insistem os teólogos
imortalistas que o texto apenas diz que a natureza humana morreu, nada mais. Por
outro lado é bom lembrarmos que o verso diz que tudo no período pós morte
perece, naturalmente isso se dá por falta de consciência no individuo, observem
que o verso não diz que somente a parte física do homem perece, não! não se
insinua uma ruptura, diz que o homem morto pereceu, um todo.
Versos usados
pelos imortalistas para dar suporte a imortalidade do homem. Lc. 23. 42-43. (E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus
lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.) Não
precisamos dizer que a palavra "que" é uma introdução tardia, em outras palavras é
um acréscimo nos escritos feito pelas tradutoras com o objetivo de acomodar a
crença da morada no céu e da imortalidade da alma. Mas, se admitirmos que não
existe tal acréscimo e que essas palavras foram ditas na integra por Jesus, nós
teremos uma contradição. Imagine que Jesus tenha realmente dito que o
“malfeitor” estaria naquele mesmo dia com Ele no paraíso.
Pois bem, Jesus
morreu naquele dia, ficou no sepulcro por três dias, neste caso a contradição
tem início, Jesus não disse que depois de ressuscitar o malfeitor
arrependido estaria com Ele, mas que naquele dia estaria com Ele. Estranho não.
At. 1.3 (A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas
provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das
coisas concernentes ao reino de Deus.) Quarenta dias depois e o
ex-malfeitor não recebeu a promessa? Não! Não existe contradição, existe uma
inserção, a palavra “que” a tradução correta é: (Em verdade te digo hoje estarás comigo no paraíso.)
Jesus estava
afirmando para o arrependido o seguinte: hoje te digo estarás comigo no
paraíso. Quando acontecerá nós não sabemos. O outro texto utilizado se encontra
em Lc. 12.4-5 Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo
e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis
temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno.
Sim, digo-vos, a esse deveis temer.
A
bíblia menciona que Deus por meio de Cristo irá julgar o mundo, e nesse juízo
muitos, ou segundo a bíblia a maioria das pessoas serão condenadas à morte
eterna o qual o apocalipse
descreve que será em um lago de fogo. Ap.
20.15 (E, se alguém não foi achado inscrito no
Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.) Mas, acreditam os
imortalistas, que a alma sobreviverá ao lago de fogo, em outras palavras as
denominações cristãs ensinam que a alma é indestrutível. E o que dizer do texto
de Lucas 12.4-5?
Naturalmente muitos irão objetar dizendo que o texto não diz
que a alma será destruída Diz que Deus tem poder superior ao homem,
naturalmente dirão que o homem pode apenas matar o corpo, ao passo que Deus
pode além de matar o corpo jogar a alma no inferno, é digno de nota que a
tradução correta deveria ser lago de fogo, pois a palavra inferno na bíblia é
sinônimo de sepultura. Mas, vamos contrastar a seguinte questão. Jesus disse: O
homem pode apenas matar o corpo, então não devemos temê-lo, devemos temer a
Deus, pelo fato dEle ter o poder de não só matar o corpo como joga-lo no lago de
fogo.
Ao menos o que parece era isso que Jesus estava dizendo, Mt. 10.28 (Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes,
aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.)
Reparem que o evangelho de Mateus a questão torna-se mais clara, aqui o autor
está pondo fim a imortalidade da alma, ou seja, acaba com o mito da permanência
eterna da mesma. Então temos realmente uma alma viva dentro de nós? Não! Era
linguagem da época, naturalmente Jesus estava dizendo que somente Deus pode
destruir algo ou alguém a ponto de não deixar registros ou vestígios, a palavra
alma não nos dá base para crermos em algo extra humano que vive dentro de cada
um de nós, como já apresentei a palavra Psychē não dá suporte para algo imortal.
Quando o homem
morre, segundo a bíblia as suas atitudes o acompanham, se alguém é assassinado,
segundo a bíblia ela ira ressuscitar quer para vida ou para a morte. Mas se for
julgado por Deus e condenado, então, cumpre-se o que Mateus 10.28 está dizendo,
a destruição é definitiva e eterna, logo se Deus pode fazer isso, como coadunar
a ideia da imortalidade da alma?