terça-feira, 21 de maio de 2013

Objeções lógicas e bíblicas a imortalidade da alma.

A cristandade com poucas exceções são imortalistas, (termo utilizado para aqueles que acreditam na permanência da vida após a morte.) Em outras palavras acreditam que após a morte o ser humano tem um encontro com Deus desfrutando assim das bênçãos eternas. 

Algumas objeções a este pensamento: se o ser humano já desfruta das glórias eternas com Deus, para que a ressurreição? Logo temos um paradoxo, pois a ressurreição é um ensinamento bíblico ao passo que a imortalidade não é. E para preencher essa “lacuna” teológica, ensinam que o corpo precisa ressurgir para se encontrar com a alma. Mas, tal ensinamento não tem apoio bíblico. 

Imaginem se a alma se desprendesse do corpo e fosse viver as delícias do paraíso como é ensinado nas denominações cristãs, para somente depois no juízo o corpo ser ressuscitado e formar novamente a unidade corpo alma, tal ensinamento veiculado pela igreja católica foi necessário para conformar com a ideia bíblica da ressurreição. Como vemos foi necessário um malabarismo teológico para conformar a ideia da imortalidade da alma. 

Outra objeção a imortalidade da alma se encontra no fato da ausência do ente querido, ou seja, imaginem se determinada pessoa morre e vai para o céu, como estão emocionalmente os seus parentes e amigos? Tristes naturalmente! Mas, por outro lado a alma está alheia as tristezas e sofrimentos dos seus familiares, e pouco se importando com os que “ficaram”. Chegaram ao absurdo de desenvolver o dogma da interseção dos santos, acreditam que os salvos ou as almas salvas que estão no céu podem interceder pelos seus que ficaram aqui na terra, isso é completamente contrário as escrituras, não existe apoio bíblico e nem mesmo lógico. 

Imaginem se alguém é assassinado, por que então tal pessoa, ou melhor, tal alma não descreve para as autoridades quem foi que o matou? Se fizesse o espiritismo estaria certo. Como não existe tal fato a igreja ensina que a alma não pode entrar em contato com o mundo dos “vivos’. Outras objeções a imortalidade da alma são as seguintes: O termo alma, no hebraico e mesmo no grego não coaduna com a ideia de um ser se desprendendo de um ser humano. Em hebraico a palavra alma (nephesh) significa várias coisas e entre elas estão: vida, criatura, pessoa, apetite, mente, ser vivo, desejo, emoção, paixão, ser vivo (com vida no sangue) lugar dos apetites, lugar das emoções e paixões, atividade da mente. 

Nada diz a respeito de algo desencarnado. Quanto ao grego do novo testamento o mesmo é dito sobre a alma (Psychē), porém a igreja usou dos ensinos de Platão para dar suporte à imortalidade da alma, observem o que Platão disse na parte IV do seu livro “República” Platão concebe o homem como corpo e alma. Enquanto o corpo modifica-se e envelhece, a alma é imutável, eterna e divina. A alma inteligente presa ao corpo um dia foi livre e contemplou o mundo das idéias, mas as esqueceu. 

Além das objeções lógicas que vão contra a imortalidade natural da alma, existem também versos bíblicos que apoiam o aniquilamento da mesma, e por incrível que pareça são os mesmos versos utilizados pelos imortalistas, os quais usam com o intuito de dar suporte a sua doutrina. Antes, porém é preciso salientar que os imortalistas fazem “guerra” aberta a alguns versos bíblicos, os quais são usados para dar suporte o aniquilamento do homem na morte. 

Ec. 9.5-6 (Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.) A “guerra” consiste em insistirem que o verso não descreve o aniquilamento total do homem, só em partes, em outras palavras, insistem os teólogos imortalistas que o texto apenas diz que a natureza humana morreu, nada mais. Por outro lado é bom lembrarmos que o verso diz que tudo no período pós morte perece, naturalmente isso se dá por falta de consciência no individuo, observem que o verso não diz que somente a parte física do homem perece, não! não se insinua uma ruptura, diz que o homem morto pereceu, um todo. 

Versos usados pelos imortalistas para dar suporte a imortalidade do homem. Lc. 23. 42-43. (E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.) Não precisamos dizer que a palavra "que" é uma introdução tardia, em outras palavras é um acréscimo nos escritos feito pelas tradutoras com o objetivo de acomodar a crença da morada no céu e da imortalidade da alma. Mas, se admitirmos que não existe tal acréscimo e que essas palavras foram ditas na integra por Jesus, nós teremos uma contradição. Imagine que Jesus tenha realmente dito que o “malfeitor” estaria naquele mesmo dia com Ele no paraíso. 

Pois bem, Jesus morreu naquele dia, ficou no sepulcro por três dias, neste caso a contradição tem início,  Jesus não disse que depois de ressuscitar o malfeitor arrependido estaria com Ele, mas que naquele dia estaria com Ele. Estranho não. At. 1.3 (A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus.) Quarenta dias depois e o ex-malfeitor não recebeu a promessa? Não! Não existe contradição, existe uma inserção, a palavra “que” a tradução correta é: (Em verdade te digo hoje estarás comigo no paraíso.) 

Jesus estava afirmando para o arrependido o seguinte: hoje te digo estarás comigo no paraíso. Quando acontecerá nós não sabemos. O outro texto utilizado se encontra em Lc. 12.4-5  Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer. 

A bíblia menciona que Deus por meio de Cristo irá julgar o mundo, e nesse juízo muitos, ou segundo a bíblia a maioria das pessoas serão condenadas à morte eterna o qual o apocalipse descreve que será em um lago de fogo. Ap. 20.15 (E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.) Mas, acreditam os imortalistas, que a alma sobreviverá ao lago de fogo, em outras palavras as denominações cristãs ensinam que a alma é indestrutível.  E o que dizer do texto de Lucas 12.4-5? 

Naturalmente muitos irão objetar dizendo que o texto não diz que a alma será destruída  Diz que Deus tem poder superior ao homem, naturalmente dirão que o homem pode apenas matar o corpo, ao passo que Deus pode além de matar o corpo jogar a alma no inferno, é digno de nota que a tradução correta deveria ser lago de fogo, pois a palavra inferno na bíblia é sinônimo de sepultura. Mas, vamos contrastar a seguinte questão. Jesus disse: O homem pode apenas matar o corpo, então não devemos temê-lo, devemos temer a Deus, pelo fato dEle ter o poder de não só matar o corpo como joga-lo no lago de fogo. 

Ao menos o que parece era isso que Jesus estava dizendo, Mt. 10.28 (Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.) Reparem que o evangelho de Mateus a questão torna-se mais clara, aqui o autor está pondo fim a imortalidade da alma, ou seja, acaba com o mito da permanência eterna da mesma. Então temos realmente uma alma viva dentro de nós? Não! Era linguagem da época, naturalmente Jesus estava dizendo que somente Deus pode destruir algo ou alguém a ponto de não deixar registros ou vestígios, a palavra alma não nos dá base para crermos em algo extra humano que vive dentro de cada um de nós, como já apresentei a palavra  Psychē não dá suporte para algo imortal. 

Quando o homem morre, segundo a bíblia as suas atitudes o acompanham, se alguém é assassinado, segundo a bíblia ela ira ressuscitar quer para vida ou para a morte. Mas se for julgado por Deus e condenado, então, cumpre-se o que Mateus 10.28 está dizendo, a destruição é definitiva e eterna, logo se Deus pode fazer isso, como coadunar a ideia da imortalidade da alma?