É dito
que o diabo popular é um ser sobrenatural que tem o poder de escravizar o ser
humano. Porém, algumas passagens no livro de romanos nos mostram que quem nos
escraviza é o pecado e não o diabo. Considere as seguintes passagens: Rm. 3.9. (Que se conclui? Temos nós qualquer
vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto
judeus como gregos, estão debaixo do pecado.) Rm. 6.1-2.
(Que diremos,
pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo
nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?)
Como
sabemos o pecado é algo inerente ao ser humano, um “estilo de vida” universal,
que tem um efeito maligno sobre todos indistintamente, e se manifesta em atos
pecaminosos. Rm. 7.16 - 17. (Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso,
quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim.) Nestes dois versos a palavra pecado é usada para descrever
os impulsos dentro do homem que o induzem a cometer atos pecaminosos.
A
epístola aos Romanos não faz qualquer referência ao diabo, exceto o verso 20 do
capítulo 16 que diz que em
breve Deus esmagará a Satanás debaixo dos pés, mas o contexto
anterior demonstra que não se trata de ser maligno, e sim de falsos crentes. O
que vemos na realidade é que a epístola de romanos tem muito que dizer sobre o
pecado, especialmente pecado no sentido de desejos humanos errados.
O mais
interessante é que o que Romanos diz sobre o pecado, outras passagens do Novo
Testamento dizem sobre o diabo. Estudando a bíblia podemos chegar à conclusão
que o diabo é uma personificação dos desejos humanos errados. Paulo usa a
palavra pecado neste sentido. Por isso a comparação é inevitável. A analogia
que se segue é uma simples maneira de mostrar que o que Romanos diz sobre o
pecado, outras passagens do Novo Testamento atribuem ao diabo e Satanás.
Em
outras palavras o pecado e o Diabo são a mesma coisa. Vejam a comparação: Rm. 6.12. (Não reine, portanto, o pecado em vosso
corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões.) Tg. 4.7. (Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.) Percebemos que ambos devem ser
resistidos.
Tanto o
diabo quanto o pecado são Enganadores, Rm.
7.11, (Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me
enganou e me matou.) Ap. 12.9 (E foi expulso o grande dragão, a
antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim,
foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.) Ambos os versos nos mostram que, tanto
o pecado quanto o diabo são chamados de enganadores.
Rm. 6.23. (porque o salário
do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo
Jesus, nosso Senhor.) Comparar com Hb. 2.14. (Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes
também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele
que tem o poder da morte, a saber, o diabo.) Vejam que ambos são
considerados como destruidores de vida
Ambos
também são Destruídos pela morte de Cristo, Rm. 6.6. (sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o
corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos.) Hb. 2.14. (Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes
também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele
que tem o poder da morte, a saber, o diabo.)
Ambos
são chamados de Governantes e mestres, Rm.
5.21. (a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a
graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor.) Rm. 6.16; (Não sabeis que
daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem
obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a
justiça? Lc. 11.18. (Se também Satanás
estiver dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Isto, porque
dizeis que eu expulso os demônios por Belzebu.)
A bíblia
quer nos passar a ideia de que o maior adversário que o homem tem é Ele mesmo,
em outras palavras a sua natureza pecaminosa, sujeita as paixões. Assim como o
pecado personifica algo ou alguém, o mesmo acontece com o diabo, ao examinarmos
os escritos bíblicos veremos que o diabo como um ser sobrenatural inimigo de
Deus e do homem é apenas fruto da imaginação de um contexto e de uma época. Naturalmente
os escritores bíblicos a utilizaram.