domingo, 1 de setembro de 2013

Ortodoxia bíblica ou dos pais?

Este assunto se baseia em cima de algumas perguntas as quais até este momento estão sem respostas. O cristianismo popular por causa da tradição herdada rotula como hereges aqueles que não aceitam (acreditam) em algumas doutrinas consideradas ortodoxas, principalmente aquelas defendidas e votadas nos concílios eclesiásticos. Vamos às perguntas.

Como distinguir uma heresia de uma ortodoxia? O fato de a igreja ao longo dos séculos instituir e rejeitar doutrinas torna tais doutrinas verdadeiras ou fazem-na falsa? Para a igreja tida como ortodoxa aqueles que rejeitam algumas doutrinas, principalmente aquelas instituídas nos concílios eclesiásticos são rotulados como hereges, o que seria considerado uma heresia, aceitar doutrina(s) baseado em filosofias ou rejeitá-las por não estarem na bíblia?  Exemplos: 
                                                                                  
Se a doutrina da trindade é realmente bíblica, por que então ela não foi definida na bíblia? Mas precisou dos “pais” com seus conceitos filosóficos? Para “provar” a existência da trindade os teólogos trinitários utilizam de uma mirabolante combinação de versos bíblicos, porque os muitos versos que dizem literalmente que existe um e único Deus não são suficientes para provar que Deus é um literalmente? Se a trindade fosse realmente bíblica, por que precisou mais de cinquenta anos entre o concílio de Nicéia 325 dC. Até o concílio de Constantinopla 381 dC afim de que a doutrina pudesse ser definida?

Para que a doutrina da trindade pudesse ser aceita foram necessárias outras manobras mirabolantes, entre elas com relação à dupla natureza de Jesus, onde prevaleceu a vontade de Cirilo de Alexandria no concílio de Calcedônia em 451 dC. Onde não só foi discutida e tida como ortodoxa as duas naturezas de Cristo como também a questão do (theotokos em grego) mãe de Deus. Na realidade o espírito cristão já havia desaparecido nesta época, o que prevalecia era a disputa eclesiástica onde o que importava era o poder para governar, ou mesmo idealizar a igreja.

At. 20.29-30 (Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.) Muitos argumentam que a igreja não se separou da verdade, pois o próprio Cristo disse que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela.

Creio piamente nos ensinamentos de Cristo, logo isso não quer dizer que ao longo dos séculos a igreja não tenha se apartado da verdade, 2Pe. 2.1-3 (Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.)
      
Acredito também que o remanescente ou aqueles que buscam a verdade com espírito cristão formam a igreja de Cristo. E esses são os que formam a igreja de Cristo, aqueles que triunfarão contra “as portas do inferno”. Dizer que igreja verdadeira é “A” ou “B” é fazer apologia para instituições com o intuito de promulgar comercio dentro dela. Enquanto os membros estão sofrendo “lavagem” cerebral, os candidatos a membros estão sendo torturados pelos desvarios das seitas. Eles dizem sempre: - “aqui é a igreja verdadeira, temos o evangelho de Jesus Cristo, você precisa se unir conosco”... Mal sabem os membros em sua desinformação que participam de seitas manipuladoras, formadas com o cunho cristão, porém carregado de ensinamentos extra bíblicos.      

O que falta para os ditos ortodoxos é: como explicar biblicamente determinadas doutrinas que formam o alicerce do dito cristianismo. Mas, como prová-las se elas não são bíblicas? Quando falo de ortodoxo me refiro a todas as denominações que aceitaram os concílios a partir de Nicéia, total ou parcial, quer aceitem ou não a tradição, quer digam ou não que só utilizam a sola escriptura.

O fato é que total ou parcialmente elas desvirtuam dos ensinamentos bíblicos, tornando-as seitas que ensinam heresias. Digo isso baseado em uma questão importante, o bispo Ário de Alexandria foi rotulado e excomungado como herege, pelo fato de negar a doutrina da trindade, naturalmente os ensinamentos de Ário careciam de acertos, porém por que não deram tempo a fim de que Ele tentasse "ajustar" o seu ensino?

Ora se soou como herético dizer que Cristo foi gerado em um período na eternidade, (algo que também não acredito) por que não soou herético dizer que Deus é uma entidade composta e ao mesmo tempo um? Por que não soou como herético as brigas e trocas de ofensas por longos períodos até que se “provasse” que Jesus tem duas naturezas indivisíveis? Onde na bíblia está escrito tais assertivas?

E como uma questão embaraçosa puxa outra, se Jesus é Deus naturalmente Maria deve ser mãe de Deus e se Ela é mãe de Deus Ela deve também ser sem pecado, daí provavelmente Ela deve ter sido concebida sem pecado e etc. Argumentam os que dizem acreditar na sola escriptura: "Não Maria é mão do Jesus homem não o Jesus Deus", ora, por favor, onde na bíblia está escrito tais considerações?

O que quero deixar claro aqui é que apesar de se arrogarem de ortodoxos, a ortodoxia cristã que conhecemos é oriunda dos pais da igreja e não dos ensinamentos bíblicos, os ensinamentos bíblicos serviram de base para os conceitos filosóficos dando origem a vários pensamentos os quais conhecemos atualmente como doutrina bíblica. Acredito que a filosofia é indispensável na teologia só não substitui a mesma. Portanto, é fácil acusar alguém de herege quando a maioria aceita algo como sendo a verdade última.