Este
assunto se baseia em cima de algumas perguntas as quais até este momento estão
sem respostas. O cristianismo popular por causa da tradição herdada rotula como
hereges aqueles que não aceitam (acreditam) em algumas doutrinas consideradas
ortodoxas, principalmente aquelas defendidas e votadas nos concílios
eclesiásticos. Vamos às perguntas.
Como
distinguir uma heresia de uma ortodoxia? O fato de a igreja ao longo dos
séculos instituir e rejeitar doutrinas torna tais doutrinas verdadeiras ou
fazem-na falsa? Para a igreja tida como ortodoxa aqueles que rejeitam algumas
doutrinas, principalmente aquelas instituídas nos concílios eclesiásticos são
rotulados como hereges, o que seria considerado uma heresia, aceitar doutrina(s)
baseado em filosofias ou rejeitá-las por não estarem na bíblia? Exemplos:
Se a
doutrina da trindade é realmente bíblica, por que então ela não foi definida na
bíblia? Mas precisou dos “pais” com seus conceitos filosóficos? Para “provar” a
existência da trindade os teólogos trinitários utilizam de uma mirabolante
combinação de versos bíblicos, porque os muitos versos que dizem literalmente
que existe um e único Deus não são suficientes para provar que Deus é um
literalmente? Se a trindade fosse realmente bíblica, por que precisou mais de
cinquenta anos entre o concílio de Nicéia 325 dC. Até o concílio de
Constantinopla 381 dC afim de que a doutrina pudesse ser definida?
Para que
a doutrina da trindade pudesse ser aceita foram necessárias outras manobras
mirabolantes, entre elas com relação à dupla natureza de Jesus, onde prevaleceu
a vontade de Cirilo de Alexandria no concílio de Calcedônia em 451 dC. Onde não
só foi discutida e tida como ortodoxa as duas naturezas de Cristo como também a
questão do (theotokos em grego) mãe de Deus. Na realidade o espírito cristão já
havia desaparecido nesta época, o que prevalecia era a disputa eclesiástica
onde o que importava era o poder para governar, ou mesmo idealizar a igreja.
At. 20.29-30 (Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos
vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão
homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.) Muitos argumentam que a igreja não se separou da verdade,
pois o próprio Cristo disse que as portas do inferno não prevaleceriam contra
ela.
Creio
piamente nos ensinamentos de Cristo, logo isso não quer dizer que ao longo dos
séculos a igreja não tenha se apartado da verdade, 2Pe. 2.1-3 (Assim como, no meio do povo,
surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os
quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de
renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina
destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa
deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão
comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo
tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.)
Acredito
também que o remanescente ou aqueles que buscam a verdade com espírito cristão
formam a igreja de Cristo. E esses são os que formam a igreja de Cristo,
aqueles que triunfarão contra “as portas do inferno”. Dizer que igreja
verdadeira é “A” ou “B” é fazer apologia para instituições com o intuito de
promulgar comercio dentro dela. Enquanto os membros estão sofrendo “lavagem”
cerebral, os candidatos a membros estão sendo torturados pelos desvarios das
seitas. Eles dizem sempre: - “aqui é a
igreja verdadeira, temos o evangelho de Jesus Cristo, você precisa se unir
conosco”... Mal sabem os membros em sua desinformação que participam de
seitas manipuladoras, formadas com o cunho cristão, porém carregado de
ensinamentos extra bíblicos.
O que
falta para os ditos ortodoxos é: como explicar biblicamente determinadas
doutrinas que formam o alicerce do dito cristianismo. Mas, como prová-las se
elas não são bíblicas? Quando falo de ortodoxo me refiro a todas as
denominações que aceitaram os concílios a partir de Nicéia, total ou parcial,
quer aceitem ou não a tradição, quer digam ou não que só utilizam a sola
escriptura.
O fato é
que total ou parcialmente elas desvirtuam dos ensinamentos bíblicos,
tornando-as seitas que ensinam heresias. Digo isso baseado em uma questão
importante, o bispo Ário de Alexandria foi rotulado e excomungado como herege,
pelo fato de negar a doutrina da trindade, naturalmente os ensinamentos de Ário
careciam de acertos, porém por que não deram tempo a fim de que Ele tentasse "ajustar" o seu ensino?
Ora se
soou como herético dizer que Cristo foi gerado em um período na eternidade, (algo que também não acredito) por
que não soou herético dizer que Deus é uma entidade composta e ao mesmo tempo
um? Por que não soou como herético as brigas e trocas de ofensas por longos
períodos até que se “provasse” que Jesus tem duas naturezas indivisíveis? Onde
na bíblia está escrito tais assertivas?
E como
uma questão embaraçosa puxa outra, se Jesus é Deus naturalmente Maria deve ser
mãe de Deus e se Ela é mãe de Deus Ela deve também ser sem pecado, daí
provavelmente Ela deve ter sido concebida sem pecado e etc. Argumentam os que
dizem acreditar na sola escriptura: "Não Maria é mão do Jesus homem não o Jesus
Deus", ora, por favor, onde na bíblia está escrito tais considerações?
O que
quero deixar claro aqui é que apesar de se arrogarem de ortodoxos, a ortodoxia
cristã que conhecemos é oriunda dos pais da igreja e não dos ensinamentos bíblicos, os ensinamentos bíblicos serviram de base para os conceitos filosóficos dando origem a vários pensamentos os quais conhecemos atualmente como doutrina bíblica. Acredito que a filosofia é indispensável na teologia só não substitui a mesma. Portanto, é fácil acusar alguém de herege quando a maioria aceita algo como
sendo a verdade última.