A bíblia
não apóia a idéia de dois nascimentos, ou seja, de que alguém já nasceu ou irá
nascer duas vezes. Dentro do contexto bíblico tornar a nascer só mesmo na
esfera espiritual. O mesmo acontece com a idéia da encarnação, não há apoio bíblico.
A idéia de uma preexistência de Jesus é o resultado da união da filosofia de
Filo de Alexandria (15 a. C. - 40 d. C.) Filo Tentou uma interpretação do Antigo Testamento à
luz das categorias elaboradas pela filosofia grega e da alegoria. Foi
autor de numerosas obras filosóficas e históricas, onde expôs a sua visão
platônica do judaísmo.
Filo
assegurava que Deus era inacessível, sendo assim, como alguém poderia se
relacionar mais próximo de Deus? Ou mesmo, como Deus poderia se aproximar do
homem? Em sua filosofia Filo assegurou que o Logos, o Verbo eterno de Deus, seu
filho primogênito seria o meio para isso. Dentro da ótica judaica do logos (palavra)
João demonstrou que o logos de Deus, ou sua palavra se tornaria carne, logo os
pais da igreja reinterpretaram a mensagem de João baseados no ensinamento de
Filo de Alexandria.
Na
introdução do evangelho de João nós lemos: Jo.
1. 1-3 “No princípio, era o Verbo, e
o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas
as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. Reparem
no V de verbo está em maiúsculo, o fato de está em maiúsculo faz
inconscientemente com que os leitores entendam que se trata de uma pessoa.
Este
pensamento está baseado nos ensinamentos de Filo de Alexandria não nos versos
bíblicos. Segundo o léxico grego, logos significa palavra proferida a viva voz, que
expressa uma concepção ou idéia. Por que então os tradutores não optaram por
palavra ao invés de logos? Pelo fato de palavra ser feminino e logos masculino,
soaria estranho dizer “todas as coisas
foram feitas por ela e sem ela nada do
que foi feito se fez”. Ao invés de ser por Ele, visto estar se tratando de um homem.
À ideia de Filo a qual a cristandade abraça é
contradizente, quando reinterpretaram a palavra de João 1.1-3 esqueceram ou
ignoraram os escritos do velho testamento os quais demonstram o ato da criação
realizada por Deus, reparem em Salmos 33.6
e 9 Os céus por sua palavra se
fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles. O verso seis é
enfático quando diz que a voz de Deus fez todas as coisas, não nos é dito que um
intermediário realizou as obras da criação, o verso nove demostra isso mais
claramente: Pois ele falou, e tudo se
fez; ele ordenou, e tudo
passou a existir.
Na verdade o salmista está resumindo de uma maneira
simples o relato de Gênesis. Gn. 1.3
“Disse Deus: Haja luz; e houve luz.”
No hebraico, não existe um (ser pessoa) paralelo criando pelo mandato de Deus,
conforme ensina a cristandade, mas sim a própria ordenação de Deus trazendo a
luz à existência. Alias, todo capítulo um de Gênesis vem demonstrado o ato
criador de Deus, através do seu mandato, da sua voz. O Próprio Jesus referiu-se
a Deus como criador relatando os acontecimentos que acometeriam sobre
Jerusalém, Mc. 13.19 “Porque aqueles
dias serão de tamanha tribulação como nunca houve desde o princípio do mundo,
que Deus criou, até agora e nunca jamais haverá.” O próprio Jesus que é
tido como Deus, disse que Deus criou o mundo. E Ele nada disse sobre algum
intermediário, entre Deus e sua criação.
Claro
está que os oponentes refutarão dizendo que existem textos nos mostrando que
Jesus estava com Deus e que foi o intermediário ou o autor da criação, é requerido,
no entanto uma análise no estudo que ora está sendo mostrado, e veremos em
outra oportunidade que a criação a qual Jesus realizou não é a criação do Gênesis.