quarta-feira, 18 de junho de 2014

Paulo e sua teologia necessária.

No que concerne a questão religiosa, tenho observado em diversos blogs e Sites algumas pessoas menosprezando as epístolas paulinas e consequentemente a sua mensagem. Argumentam os críticos que Paulo não pode ser aprovado por Deus, pois segundo Eles Paulo fala contra a lei e dizem ainda que a justificação pela fé não é uma mensagem do evangelho de Cristo, mas sim de Paulo.

Segundo os críticos, Jesus Cristo ensinou que o homem deve ser perfeito, mas perfeição esta baseada nas próprias “boas obras” que segundo eles o homem pode realizar. Utilizam para isso alguns versos, dentre os quais destaco Mt. 5.48 Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.Segundo os críticos Jesus foi imperativo, portanto para eles a perfeição humana deve acontecer por meios de obras, diferentemente da teologia ensinada por Paulo que diz que as obras são conseqüência da salvação, não a sua causa.

Devo dizer que sou frontalmente e completamente contra tal ensinamento. E para isso devo deixar as minhas razões, Primeiro que Cristo não ensinou uma salvação ou uma perfeição baseada nas obras, caso contrário ele Cristo não poderia ter dito que deu a sua vida em “resgate” por muitos conforme Mc. 10.45Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”

Claro que os objetores irão dizer que o texto mencionado foi um acréscimo nos séculos subsequentes a fim de dar apoio ao pensamento do resgate efetuado por Cristo. Acredito piamente que houve realmente inserções na bíblia, só não concordo que tais acréscimos e decréscimos deva ocorrer somente nos textos onde são favoráveis aquilo que não creio. Quanto a questão do resgate mencionado no verso acima não irei abordar nesta postagem, só posso adiantar que não é um resgate comumente aceito pela cristandade, em outras palavras os muitos que foram e serão resgatados não foi das mãos do diabo.

Porque então Jesus no sermão do monte ensinou a perfeição baseado nas obras? (1) Jesus nasceu sob a lei Gl. 4.4vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.” (2) O ensinamento de Cristo para os judeus na realidade foi mais uma crítica ao comportamento “santo” que eles exerciam. Na verdade a lei que eles professavam guardar não era externada de forma a demonstrar tal cumprimento.

Analisemos um pouco o contexto do capítulo cinco de Mateus. Após reunir a multidão juntamente com os discípulos Jesus passou a falar uma série de predicados os quais os seus seguidores deverão nutrir, entre eles estão: humildade de espírito, mansidão, senso de justiça, os misericórdia, os pacificadores e etc. Mediante isto, Jesus continua dizendo que os discípulos devem não só agir mais ser assim, visto que eles os discípulos deverão ser igual ao sal o qual acentua o sabor, como a luz, que “espanta” a escuridão e que se tais coisas não acontecerem nas suas vidas, a justiça demonstrada por tais obras serão apenas hipocrisia.

A partir dai Jesus começa a demonstrar que os “guardadores da lei” estavam errados pois eles erravam quando interpretavam a questão do divórcio, do homicídio, do adultério, do juramento, da vingança e do amor ao próximo. Então Jesus enfaticamente diz Mt. 6.1 “ Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste.”  Em outras palavras Jesus disse, não adianta nada vocês tentarem viver de um jeito contrário a vossa natureza; ele arremata a questão dizendo o que lemos em Mateus 5.48. O sermão da montanha primariamente tem uma advertência não só para o judeu mas para todos aqueles que fazem da hipocrisia o seu “manto” de justiça, secundariamente, ai sim demonstra como o homem perfeito deverá não só agir mais ser de verdade. O que estou dizendo é que ninguém é perfeito perante Deus, e sendo assim a teologia de Paulo é perfeitamente compatível com a ideia de Deus sobre a regeneração e santificação, portanto mais do que necessária.

Seria o homem por si só capaz de realizar boas obras pára salvação? Is 64.6Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam.” Jr. 13.23Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal.” Se o etíope e o leopardo não podem mudar algo que faz parte de sua pele significa que por nós mesmos não podemos fazer aquilo que não somos capazes.

Repare também que Isaías destaca que nada que fizermos validará a nossa posição perante Deus, sendo assim, Paulo inventou a sua teologia? De maneira nenhuma! Por experiencia própria conhecia a natureza humana, e baseado nas declarações dos profetas ele arremata a questão dizendo que não há um justo sequer, Rm. 3.10como está escrito:  Não há justo, nem um sequer.”  Ec. 7.20Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque.”

A teologia de Paulo é extremamente válida e competente, ele nos alerta para a falsa premissa de que o homem com suas “boas obras” pode se achegar e agradar a Deus, outro fato importante e que os críticos da teologia paulina erram é em não admitir que Paulo ensine as boas obras, usarei somente dois textos o primeiro está em Ef. 2.10 “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.”  E o segundo se encontra na sua primeira carta à Timóteo 6.18 “Que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir.”  (Grifos meus.)

A única diferença foi que Ele Paulo não faz das obras um meio para a salvação, mas consequência da mesma. Em outras palavras as boas obras são resultados de Deus uma vida com Deus, não um meio para encontrar ou agradar a Deus. As grandes verdades da teologia paulina são: O homem devido a sua natureza tornou-se incapaz de se salvar por meio de obras. As obras são uma constante na teologia paulina, difere dos legalistas somente na sua causa. A salvação é algo contrário a natureza humana, portanto só Deus é capaz de opera-lá, sendo assim não se obtêm a salvação por meio de obras.

Além de demonstrar dentro da bíblia que a salvação não é alcançada por meios humanos, Paulo demonstrou com grande sabedoria baseado na sua vivencia e experiencia que o homem está fatalmente coberto de pecado e consequentemente destituído de Deus, Rm 3.12Todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.”  Isso seria uma invenção de Paulo? estaria Eu, sendo injusto com os seres humanos, sendo assim, estaria sendo injusto comigo mesmo? O que Paulo viu e que muitos não querem ver é que o ser humano por si só é algo complexo e deveras complexo. O humanismo rotulado de religião foi quem tentou desfigurar as grandes verdades das cartas de Paulo, mas em toda a bíblia os escritores são unanimes em afirmar que nós por nós mesmos estamos separados de Deus, e só nos uniremos com Ele por meio de sua misericórdia e misericórdia essa muito bem explanada nas epístolas paulinas.

Evandro.