Nesta postagem irei fazer uma pequena analise
sobre alguns comentários de Ellen G. White encontrados no livro “O desejado de
Todas as Nações”. Ao fazer a leitura do referido livro percebe-se claramente a
intenção da autora, baseado também na sua própria declaração quando disse que
seus escritos são uma “luz menor que guia até a bíblia, a qual é a luz maior”.
Segue a declaração de E.G.W. “pouca
atenção é dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor para guiar homens e
mulheres à “luz maior” (Review and Herald, 20 de janeiro de 1903).
Percebe-se então que a intenção da autora é
clarificar os acontecimentos narrados na bíblia, enfatizando assim os seus
pormenores. Em outras palavras Ela tenta levar os seus leitores de volta aos
dias de Cristo, e para isso tenta preencher as lacunas das narrativas dos
evangelhos. Geralmente as declarações bíblicas são bem sucintas e aproveitando
isso E.G.W tenta “esclarecer” os acontecimentos. Somente alguém que se julga uma
pessoa inspirada por Deus para fazer tal coisa, naturalmente uma analise dos
acontecimentos bíblicos contrastando com suas declarações serão feitas, caso
haja contradições em suas declarações, sua inspiração será posta em xeque.
Nesta postagem quero destacar apenas quatro
questões as quais são relacionadas ao livro acima mencionado, veremos que elas
jogam por terra a inspiração de E.G.W. A primeira questão é uma declaração
completamente fora de contexto, com o intuito principal em fundamentar uma
crença, crença esta adotada pelo cristianismo ortodoxo. A segunda questão é um
argumento inválido, pelo fato d’ela afirmar que a rigidez exigida pelos líderes
judeus dos dias de Cristo era apenas uma tradição rabínica e não um mandamento
estrito da torá.
A terceira questão refere-se ao discipulado de
Judas Iscariotes, onde ela afirma categoricamente que ele Judas não foi um discípulo
escolhido para perfazer o número de doze apóstolos. A quarta questão ela
declara algo que ocorreu também com Judas Iscariotes, porém a bíblia não
menciona tal ocorrido. Sendo assim percebe-se facilmente a sua errância e
contradição, impedindo-a de ser realmente uma profetiza da parte de Deus.
A primeira questão a ser tratada se encontra no
capítulo (1) na página 22 do livro O Desejado de Todas As Nações, onde ela Diz:
Lúcifer dissera: “Subirei ao céu, acima
das estrelas de Deus exaltarei o meu trono. ... Serei semelhante ao altíssimo.” Ela utiliza a passagem de Isaías 14. 12-14 “Como caíste
do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que
debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das
estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei,
nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei
semelhante ao Altíssimo.”
Neste momento não darei ênfase a primeira
questão, mas não deixarei de dizer que o capítulo 14 de Isaías é um símbolo,
onde o personagem principal que está sendo descrito não é um Anjo caído mais
sim o rei da Babilônia. Alguns versos do capítulo 14 nos mostra claramente que as
declarações nele contidas não retratam um ser espiritual: Is. 14.4 “Então, proferirás
este motejo contra o rei da Babilônia e dirás: Como cessou o opressor! Como
acabou a tirania!” Is 14.11 “Derribada está na cova a tua soberba, e,
também, o som da tua harpa; por baixo de ti, uma cama de gusanos, e os vermes
são a tua coberta.”
Is.
14.15-16
“Contudo, serás precipitado para o reino
dos mortos, no mais profundo do abismo. Os que te virem te contemplarão, hão de
fitar-te e dizer-te: É este o homem que fazia estremecer a terra e tremer os
reinos? Percebe-se claramente que estas palavras estão sendo direcionadas
para um homem e não para um Anjo; sobre o rei ser chamado de estrela da manhã e
de tentar estabelecer o seu trono sobre as mais altas nuvens será analisado em
outro assunto.
A segunda questão refere-se a guarda do sábado, e
para isso será necessário relembrarmos alguns versos: Ex. 35.3 “Não acendereis fogo
em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado.” Jr. 17.21 “Assim diz o
Senhor: Guardai-vos por amor da vossa alma, não carregueis cargas no dia de
sábado, nem as introduzais pelas portas de Jerusalém.” Segundo o ensino
bíblico estas declarações são vindas do próprio Deus e não dos líderes
religiosos judaicos, mas não é assim o ensinamento de E.G.W. Jo. 5.5-6 “Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus,
vendo-o deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, perguntou-lhe:
Queres ser curado? Segundo o relato bíblico este episódio aconteceu em um
dia de sábado.
Jo. 5.9-10 “Imediatamente, o homem se viu curado e,
tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era sábado. Por isso, disseram os
judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito.” Reparem agora na declaração de E.G.W
“Por tal forma haviam os judeus
pervertido a lei, que a tornavam um jugo de servidão. Suas exigências
destituídas de significado eram um provérbio entre as nações. Especialmente
havia o sábado sido cercado de toda casta de restrições destituídas de senso”... “Os eacribas e fariseus lhes
tinham tornado a observância intolerável fardo.” O Desejado de Todas as Nações pág. 204
“Ele viera para libertar o sábado daquelas enfadonhas
exigências que o haviam tornado uma maldição em vez de benção.” O Desejado de Todas as nações pág.
206. Os versos bíblicos lidos acima, de Jeremias e de Êxodo nos mostra que
não foi os fariseus ou qualquer outro líder religioso judaico que sancionou
essas leis, a proibição em carregar qualquer carga dentro de Jerusalém no dia
de sábado não veio deles; por isso disse que o argumento de E.G.W é um
argumento inválido digno de uma escritora e não de uma profetiza da parte de
Deus.
Vejam a resposta dos
judeus para aquele que fora curado: Jo.
5.10 “Por isso, disseram os judeus ao que fora
curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito.” Dentro do contexto
judaico os líderes religiosos estavam seguindo a risca aquilo que era
determinado pela lei, não importando se tal determinação era ou não destituído
de espiritualidade. O problema de E.G.W é que ela mesma faz aquilo que condena,
ou seja, julga mau os líderes dos dias de Cristo, devido a observância do
sábado requerida pela lei judaica, e ela procede da mesma forma com o mesmo
mandamento.
A terceira questão encontra-se no mesmo livro, e
ela falha mais uma vez. Reparem: “Enquanto
Jesus estava preparando os discípulos para a sua ordenação, um que não fora
chamado se esforçou para ser contado entre eles. Foi Judas Iscariotes, que
professava ser seguidos de Cristo. Adiantou-se então, solicitando um lugar nesse
círculo mais intimo de discípulos. Com grande veemência e aparente sinceridade,
declarou: “Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores.” Jesus nem repeliu,
nem o acolheu com mostras de agrado, mas proferiu apenas as tristes palavras: “As
raposas têm covis, e as aves do céu ninhos, mas o filho do homem não tem onde
reclinar a cabeça”. O Desejado de
Todas as nações, pág. 292.
Mt. 8.19-20
“Então, aproximando-se dele um escriba,
disse-lhe: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe
respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do
Homem não tem onde reclinar a cabeça.” A bíblia não diz que era Judas a pessoa que se
ofereceu para seguir Jesus, diz apenas que era um escriba. Diz também que foi
sim Jesus quem escolheu a Judas para ser um de seus discípulos. Jo. 6.70 “Replicou-lhes Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um
de vós é diabo.”
“A quarta questão também sobre Judas ela diz: Judas viu que suas súplicas eram em vão e
precipitou-se da sala”... ...”Ao passarem por local retirado, viram ao pé de
uma árvore, sem vida, o corpo de Judas. Era uma cena horripilante. Seu peso
rompera a corda em que se pendurava à árvore. Ao cair rebentara-se-lhe
terrivelmente o corpo, e cães estavam agora devorando”. O Desejado de Todas as Nações, pág. 722.
Mt. 27.3-5 “Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de
remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos
anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam:
Que nos importa? Isso é contigo. Então, Judas, atirando para o santuário as
moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se.”
A bíblia diz apenas que Judas saiu e enforcou-se, não diz que foi comido por cães. Estas declarações de E.G.W foram apenas uma
tentativa de tentar “colorir” os escritos bíblicos ou uma revelação detalhada
de acontecimentos distantes? Estas comparações ainda que revelem contradições
contundentes reforçam a sua posição de profetiza ou joga por terra tal
alegação?
Evandro.