Dias desses me deparei com uma dessas frases que vemos estampadas nos
para-brisas dos veículos, estava escrito: Crês em ti mesmo e prosperaras.
A partir daquele momento Eu passei a imaginar o que levou alguém a escrever ou
a estampar tal declaração. Naturalmente o ateísmo crescente tem contribuído
para a proliferação de ideias um tanto temerárias, não que Eu me importe se
alguém não acredita em Deus, não é isso, fato é também que eu não tenho nada
com a crença a descrença ou com a declaração de uma pessoa, o que me chamou a
atenção foi: realmente tal pessoa acredita no que estampou no vidro do seu
carro?
Ela tem como certo realmente a declaração: "Crês em ti mesmo e
prosperaras". O que tem levado tais pessoas a se portarem assim? Uma
convicção estrita ou falta dela? O período do mundo em que estamos tem
contribuído grandemente para isso, o pós-modernismo tem forçado as pessoas a se
igualarem em suas práticas e tendências, ninguém quer ser deixado para trás, o
materialismo tem prometido conforto, segurança e status, outra ideologia que
não seja o materialismo, é ensinar a caminhar ao contrário, infelizmente tal
tendência tem contaminado até mesmo aqueles que asseguram ter uma percepção
espiritual.
Quando vemos por exemplo a declaração de Paulo encontrada na epístola de
Coríntios não conseguimos assimilar como sendo uma realidade para os nossos
dias, 2ª Co. 4. 18 "Não atentando nós nas coisas que se vêem,
mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não
vêem são eternas". O que temos visto em nossos dias é algo
completamente contrário a esta afirmação, na verdade, temos presenciado por
todos os meios e grupos uma crescente tendência ao hedonismo. O hedonismo é uma
teoria ou doutrina que afirma ser o prazer, o supremo bem da vida humana.
Tal teoria Surgiu na Grécia, e a partir dos iluministas alguns deles
diferenciaram a "doutrina" hedonista, e a diferenciação é demonstrada
entre, egoísmo hedonista e hedonismo universalista, assim, diferenciam-se tal
doutrina, o egoísmo hedonista é onde o indivíduo busca somente o seu próprio
bem, e o hedonismo universalista ou utilitarismo, que busca o bem de todos,
atualmente e talvez até mesmo por instinto, percebemos o hedonismo egoísta como
o que mais bem representa a humanidade, e isso em todos os grupos e indivíduos,
com raras exceções.
Mas como o meu objetivo não é dissolver crenças e nem mesmo dissuadir
opiniões individuais e sim exaltar a palavra de Deus e a espiritualidade
encontrada nela e nos que crêem, devo alertar que o egoísmo hedonista apesar de
ser muito propagado e ser tido como uma religião, (pois tem muitos adeptos) ela
só tem como objetivo proporcionar (e não sanar) momentos prazerosos, assim
sendo as palavras de Paulo ainda são de grande valia, não atentando nas coisa
que se vê, por quê isso? Paulo nos responde, 2ª Co. 4. 16 "Por
isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia".
A vida humana pode ser comparada como um punhado de areia dentro de uma
ampulheta, os prazeres proporcionados por aquilo que é material não são ruins;
ter conquistar, possuir trás prazer para o ego, mas o que será do homem natural,
além disso? o homem dos nossos dias está agindo instintivamente como o rico da
parábola contada por Jesus, Lc. 12. 16-20 "E propôs-lhe uma
parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; E
arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus
frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros
maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi a
minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa,
come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua
alma; e o que tens preparado, para quem será?"
Tentando entender a questão do adesivo ateísta no para-brisa do
automóvel, percebe-se que o hedonismo e podemos dizer o hedonismo egoísta,
visto que cada qual quer seu bem estar a despeito do outro, tem infiltrado
também em nosso meio, devido a propaganda que temos ingerido diariamente e sem
falar que a propaganda hedonista egoísta tem encontrado abrigo e aceitação em nossas
mentes, assim sendo, mesmo no meio dito cristão a propagação do reino de Deus
(algo que já não é propagado) ou podemos dizer a necessidade do reino de Deus
passou a ser algo secundário, quando digo secundário quero dizer de menos
importância.
Esta é a realidade encontrada no meio dito cristão, independente de
denominação, lembrando sempre que a denominação se faz com indivíduos. Nos como
seres humanos avaliamos muito pouco a nossa realidade, a bíblia está cheia de
ilustrações daquilo que pode representar a realidade da vida humana, Jó. 14.
1-2 "O homem, nascido da mulher, é de poucos dias e farto de
inquietação. Sai como a flor, e murcha; foge também como a sombra, e não
permanece." Sl. 144. 4 "O homem é semelhante à vaidade;
os seus dias são como a sombra que passa." Quando se fala em homem
quer dizer gênero humano.
A história tem nos comprovado que tais relatos não são uma simples
teoria, mas uma realidade imutável, ao menos da perspectiva humana, e sendo
isso uma realidade, a necessidade do reino de Deus deveria ser algo de primeira
importância no meio daqueles que se intitulam cristãos, Mt. 6. 31-33 "Não
andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que
nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso
Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai
primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas."
Os gentios na atualidade é o equivalente ao mundano que não tem
conhecimento do espiritual. Assim sendo a frase crê em ti mesmo e prosperarás é
cheia de falhas, alguém por si só pode se manter vivo? Pode alguém dizer que
ficará para sempre isento de sofrer um acidente? pode alguém ainda que
contribua com o bem estar de sua condição física dizer que nunca ficará doente?
O que se percebe é que declaração como essa e outras similares, são produzidas
por pessoas que de alguma forma ficaram frustradas com aquilo que eles
compreendiam como fé e Deus.
A frustração começa a se desenvolver quando a pessoa não adquiri aquilo
que ele (a) achava que era justo ter conseguido, principalmente nos nossos
dias, onde as pessoas tem como prioridade aquilo que se vê. Ou mesmo em uma
situação onde existe uma necessidade extrema, como um caso de vida ou morte, por
exemplo, se tal petição não foi respondida, já é motivo para banir a existência
de Deus, no entanto, tentar banir a existência de Deus e mesmo elevar o estado
humano a uma onipotência tal, não muda a realidade dos fatos. A declaração dita
por Jesus nos versos lidos acima, nos revela algo de suma importância e que
muitas das vezes nós não atentamos.
Ele disse: "Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua
justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." O melhor para
o ser humano, Deus já realizou, a sua promessa é a ressurreição dos mortos. No
contexto humano que ora presenciamos Deus não fará um milagre para modificar o
atual estado de coisas, salvo com exceções daquilo que é a sua vontade para
cumprir os seus desígnios; nós não podemos acreditar em Deus baseado na
perspectiva daquilo que queremos, ou mesmo daquilo que achamos ser justo
merecermos, isto não é um ensinamento bíblico.
Outro fato pode ser descrito em ao menos duas questões de muita
importância, 1º o mundo o qual pertencemos é regido pelo reino dos homens e por
isso é extremamente injusto e sem misericórdia e sujeito a corrupção em todos
os sentidos, portanto, não creia que irá prosperar em tudo. Já a segunda
questão está na realidade de que apesar da existência de Deus ser comprovada por
aquilo que presenciamos e sentimos, Ele Deus, não está obrigado a satisfazer a
nossa vontade, o Deus ensinado pelo cristianismo contemporâneo é um deus servo,
o qual está submisso a vontade humana, e por isso tem causado frustrações em
muitas pessoas, longe disso, a bíblia tem nos revelado um Deus supremo, o qual
não está sujeito ou obrigado a atender a vontade humana.