sexta-feira, 1 de abril de 2011

Livre arbítrio?

Este é um tema interessante e bastante profundo. Como todos os assuntos profundos não existem meios para esgotá-los apenas em poucas páginas, portanto as linhas abaixo representam somente um pouco deste maravilhoso assunto o qual é pertinente a todos nós. Quando falamos de livre arbítrio e predestinação, logo nos vem à mente dois personagens importantes que contribuíram grandemente para a definição dos dois pensamentos antagônicos existentes no mundo cristão e que ora temos proposto livre arbítrio e predestinação. E são eles: Jacob Van Harmanzoon que posteriormente latinizou o seu nome para Jacob Armínio ou Tiago Armínio, o qual defendeu e ensinou o livre arbítrio, fato é que os defensores do livre arbítrio são conhecidos também como arminianos. E Jean Calvin que defendeu e ensinou a predestinação. Antes deles temos informação que por volta do ano 400 dc. O monge irlandês Pelágio defendeu arduamente a crença no livre arbítrio, por esta mesma época o monge Agostinho defendeu a predestinação como algo realmente bíblico. A pergunta que devemos sempre fazer ao analisar esta questão é: essa controvérsia surgiu com os teólogos, ou simplesmente eles queriam dar uma definição a essa polêmica? Se era uma polêmica de onde surgiu ela? Existe alguma base bíblia que descreve este assunto? Sim. Existe base bíblica que fala sobre a predestinação, e baseado nisso entendemos que a polêmica surgiu exatamente com o objetivo de explicar este assunto. A questão do livre arbítrio está associada a outros assuntos, tais como: depravação total, escravidão, eleição, graça, predestinação e soberania. Como o dicionário Webster define a palavra predestinado: destinado - fadado ou determinado de antemão; preordenado, por divino decreto. Porque a maioria das pessoas tem repulsa a predestinação? Na maioria das vezes quando se discute sobre predestinação e livre arbítrio, existe uma preocupação muito grande por parte dos defensores do livre arbítrio em proteger a dignidade e a liberdade humana. Por sua vez, a predestinação e o livre arbítrio nos empurra para outro tema que está intimamente relacionado, a soberania de Deus. Precisamos então observar também a crucial importância da soberania de Deus. Embora Deus não seja uma criatura ele é uma pessoa com suprema dignidade e suprema liberdade. Se estamos cientes do delicado problema que envolve o relacionamento entre soberania de Deus e a liberdade humana como argumentam os defensores do livre arbítrio, precisamos também estar cientes do estreito relacionamento entre a soberania de Deus e a liberdade de Deus. Sabemos que a liberdade de um soberano é sempre maior que a liberdade de seus súditos. A palavra soberano por si só fala de autoridade e poder de Deus, como soberano, Deus é a suprema autoridade no céu e na terra. Is. 45: 5, 46: 9. Toda outra autoridade existente constitui-se em uma autoridade menor. Toda outra autoridade que existe é uma autoridade derivada e dependente da autoridade de Deus. Rm. 13: 1 ARA. A palavra autoridade contém em si a palavra autor. Deus é o autor de todas as coisas sobre as quais ele tem autoridade, ele criou o universo, ele possui o universo. Portanto sua propriedade lhe dá certos direitos. Ele pode fazer com o seu universo o que lhe for agradável à sua vontade. O que seria o livre arbítrio? Para os que crêem nesta doutrina consideram o livre arbítrio como algo que o próprio ser humano pode fazer ou não para a sua salvação, assim como o foi para a queda. Onde está o erro da doutrina do livre arbítrio? O primeiro erro se encontra no fato de não separarem o livre do arbítrio, podemos dizer que as nossas ações são livres. Porém, isso não quer dizer que temos livre arbítrio. Onde está a diferença? Livre arbítrio: significa que a pessoa não deve um parecer a algo ou alguém superior, tal pessoa está isenta de uma regra, lei, ou determinação imposta por um superior, neste caso Deus. Ação livre: foi exatamente disso que Deus nos dotou. Foi exatamente assim que Eva fez, tomou do fruto e comeu (agiu assim) Gn. 3: 6. Reparem que Deus não obrigou e muito menos a impediu desse ato. Desta forma Eva, humanamente falando agiu livremente. Observem, porém que o arbítrio não existe neste contexto: em Gn. 2: 16-17. Vemos Deus de forma imperativa dizendo que se comessem do fruto certamente morreriam, este relato por si só joga por terra a questão do arbítrio, ou seja, o arbítrio para ser realmente livre em todas as suas dimensões deve existir em um contexto onde não exista nenhuma forma de influência tanto externa quanto interna. Este não foi o caso de Eva (de uma forma externa) Deus a influenciou para não comer do fruto. Gn. 3: 4-5 de outro lado serpente a influenciou para comer o fruto. E internamente falando A própria Eva estava predisposta a comer do fruto. Gn 3: 6. Percebemos então que a vontade dela não foi livre, mais sim influenciada. A ação sim foi desimpedida, se houve influência logo não foi livre. O mesmo se dá conosco, notem que Paulo nos diz que os que estão sem Deus e sem Cristo, espiritualmente estão mortos. Ef. 2: 1 e 5. Esta foi a condição que todos ficaram após a queda. Como sabemos os mortos não podem coisa nenhuma estão inertes e conseqüentemente impotentes. Podemos aplicar esta linguagem aos que estão sem Cristo, fato é que o próprio Jesus disse em Jo. 6: 44, 14: 6. Resumindo, Jesus disse que ninguém por si próprio pode se salvar. Não seria isso uma contradição a doutrina do livre arbítrio? Sim! Se podemos por nós mesmos escolher ou não a salvação, como entender estes versos então? Ora, ninguém em sã consciência rejeitaria viver eternamente. Podemos destacar dois fatores importantes que tem contribuído para a crença no livre arbítrio, e conseqüentemente a rejeição em um Deus soberano. (1) a autonomia humana. Todos que não tem um entendimento centrado nas escrituras atribuem à predestinação como algo formulado por um tirano. Dizem então que somente um Deus que criou o livre arbítrio para as pessoas pode ser considerado um Deus de amor. Infelizmente tais pessoas desconhecem o significado da palavra autonomia. A palavra vem do prefixo auto e da raiz nomos. Auto significa “por si próprio”. Automático descreve alguma coisa que age por si própria. A raiz nomos é a palavra grega para lei. A palavra autonomia significa então “lei própria”. Ser autônomo significa ser uma lei para si mesmo. Em outras palavras um ser autônomo não deve satisfações a ninguém. Ela não tem um governador e muito menos um governador soberano. Percebemos então que é impossível a existência de um ser autônomo com um governador soberano. Fato é também que nós seres humanos somos escravos, ou do pecado, ou de Deus por meio de Cristo, o próprio Jesus nos diz isso Jo. 8: 34- Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. No original a palavra é doulos que quer dizer escravo, logo o escravo não é livre. Paulo resume este pensamento com essas palavras, (Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna. Rm, 6: 22). Lembrando sempre que a palavra “servo” é uma convenção dos tradutores. O que a bíblia está nos dizendo é que somos como um etíope que por nós mesmos não podemos transformar a cor da pele e como um leopardo que não pode de maneira nenhuma tirar as manchas do seu corpo. (Pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Nesse caso também vós podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal, Jr. 13: 23). Neste caso de maneira nenhuma podemos causar, ou mesmo operar a nossa salvação. Na realidade, somos impotentes para causar as mínimas coisas, até mesmo àquelas cotidianas, sendo assim o que podemos dizer concernente as questões espirituais?