quinta-feira, 21 de março de 2013

É ou não outro evangelho?


"Encontrei este assunto na internet e achei muito interessante, acrescentei algo mais no estudo, que os amigos possam tirar as suas conclusões."

Jesus não voltou em 1844 - mas, os seguidores de Miller criaram o ensinamento que afirma que Cristo, de fato, voltou, não para a Terra, como pensava Miller, mas para algum lugar próximo a terra, e esse lugar não poderiam ser outro senão o “santuário celeste”. Segundo essa teoria, Cristo está fazendo um “juízo investigativo” examinando tudo e apresentando a Deus aqueles que têm os méritos de gozar dos benefícios da expiação. 

Os demais, se não aceitarem as doutrinas da Igreja Adventista, não têm chance de se salvar, pois a verdade está com eles – isso inclui principalmente a guarda do sábado. Podemos inferir desse ensinamento heresias grosseiras entre elas estão: 1ª A cruz não foi suficiente. Para eles Jesus ainda está fazendo a obra de salvação no Santuário. 2ª A salvação não é pela graça, mas pelas obras dos homens nessa terra; 3º O homem é salvo não pela fé em Jesus, mas pela aceitação de um credo religioso – é claro, dos Adventistas. 

Veremos que os adventistas estão completamente equivocados, cumprindo cabalmente o que disse o apostolo Paulo em Gálatas 1.8-9. (Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.)
                          
A questão do santuário celestial para os adventistas está vinculada com Daniel 8.14. Em Daniel 8.14. O contexto apresenta um chifre pequeno que “lançou por terra alguns do exército do céu e das estrelas deste exército, e os pisou” (verso 10). Além disto, este pequeno e poderoso chifre “tirou o sacrifício contínuo, e o lugar do seu santuário lançou por terra” (verso 11). Esta profanação do santuário e de suas cerimônias é assunto do verso 13 onde uma intrigante pergunta é apresentada: “Até quando durará a visão do sacrifício contínuo, da transgressão assoladora para que seja entregue o santuário, e o exército, a fim de serem pisados?”. 

Em outras palavras o que se pergunta é: Quanto tempo durará e quando terminará a profanação do santuário protagonizada pelo chifre pequeno? A resposta vem no verso seguinte, Daniel 8.14: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado.” A questão que proponho é com relação à natureza desta purificação: A interpretação tradicional da IASD entende que a purificação descrita em Daniel 8.14 é da mesma natureza da purificação do santuário realizada no dia da expiação, quando os pecados que tinham sido confessados ao longo do ano e transferidos para o santuário eram, finalmente, removidos do santuário, havendo, desta forma, uma purificação do santuário (Lv. 16.20). 

Mas o contexto de Daniel 8 mostra que a purificação do santuário descrita no verso 14 é de natureza completamente diferente: Em Daniel 8 o santuário está sendo purificado da profanação do chifre pequeno; já em Levíticos 16 é descrita uma purificação dos pecados confessados dos santos. É importante ressaltar que esta diferença na natureza da purificação do santuário no dia da expiação e a purificação da profanação do pequeno chifre é claramente diferenciada no original hebraico através de dois termos distintos: tsadaq usado em Daniel 8:14 que significa “justificar”, “trazer ou declarar justiça” e kaphar em Levíticos 16:20 que significa “cobrir”, “reconciliar”, “propiciar”, “expiar”. 

Ambos, infelizmente, foram traduzidos para o português como purificar, levando a muitos achar que se trata da mesma coisa. Diante de tais diferenças conceituais e contextuais, como convencer o público de que a purificação descrita em Daniel 8.14 não é a mesma de Levíticos 16.20?  A segunda questão também diz respeito à natureza da purificação do santuário descrita em Daniel 8.14. Mas agora não se questiona sua relação com o dia da expiação (que era uma purificação de fato, mas de outra natureza). Agora o que se questiona é a relação entre a purificação do santuário de Daniel 8.14 com o chamado “juízo investigativo”, também chamado de “juízo pré-advento”. 

Que base bíblica temos para afirmar que a purificação do santuário descrita em Daniel 8.14 consiste na investigação dos pecados perdoados de todos os crentes desde Adão? Mesmo que conseguíssemos, de alguma forma, relacionar a purificação de Daniel 8.14 com a purificação realizada no dia da expiação, poderíamos afirmar que o sumo-sacerdote levita realizava algum tipo de “juízo investigativo”? O sumo-sacerdote, ao purificar o santuário terrestre, passava em revista pecado a pecado, individualmente? Fazia ele uma investigação? Ele fazia um juízo, um julgamento? Ou simplesmente oferecia o sangue do sacrifício para que todos os pecados acumulados fossem definitivamente removidos de uma vez por todas (não em partes)? De onde vem a idéia de que os pecados perdoados dos justos mortos são passados em revista? 

A terceira questão tem a ver com o destino dos pecados confessados desde Adão. Simbolicamente, para onde são transferidos estes pecados? Para o fundo do mar (Miquéias 7.19) ou para o santuário celestial? O que a Bíblia diz a respeito? Outra questão semelhante a anterior: Qual foi a atitude de Deus em relação aos pecados confessados? Deus apaga e esquece nossas transgressões ou mantém um registro dos pecados confessados para que sejam investigados no juízo que começou em 22/10/1844, quando Jesus iniciou uma investigação, pecado a pecado, para cancelar (ou expiar) um a um? 

O que a Bíblia diz a respeito? A próxima questão diz respeito à diferença entre a “interpretação natural” e a “interpretação induzida” para Daniel 8.14. Imagine que uma mãe entre no quarto do seu filho, e perceba uma grande desordem no local: livros e brinquedos pelo chão, restos de comida sobre a cama, junto com as roupas. Diante deste cenário, a mulher pergunta para o seu filho: “Quanto tempo vai durar esta visão terrível em seu quarto?”. Imediatamente Ele responde: “Até duas horas e o quarto será limpo”. Qual é a interpretação natural a respeito da resposta do menino? 

Será que o menino está querendo dizer que daqui a duas horas iniciará o processo de limpeza ou que em duas horas o quarto já estará limpo? Não há dúvidas aqui. A interpretação natural da resposta do menino nos leva a crer que se ele cumprir sua promessa, sua mãe poderá voltar em duas horas que o quarto já estará limpo. Interpretar que o garoto iniciaria a limpeza após as duas horas é uma “interpretação induzida”, contrária ao contexto e ao significado da palavra “até” que, segundo o dicionário Houaiss, indica um limite posterior de tempo. Ao dizer “até duas horas” estava impondo um limite, ou seja, tempo máximo, para realizar a limpeza. 

Com relação a Daniel 8.14 a questão é: Por que a interpretação tradicional adventista com relação ao tempo da purificação não é uma “interpretação natural”, ou seja, que após 2300 tardes e manhãs o santuário já estaria purificado? Por que a IASD adotou uma “interpretação induzida”, lançando fora o contexto e o significado limitador da preposição “até” ao interpretar que a purificação iniciaria após o prazo máximo estabelecido, e pior, sem data para terminar?  A sexta questão diz respeito à interpretação que o livro de Hebreus dá para o dia da expiação típico. 

Hebreus 9 fala detalhadamente sobre isso. No verso 2 é apresentado o lugar “Santo” e no verso 3 o “Santo dos Santos” que nós conhecemos também como Santíssimo. O verso 12 diz que Cristo “entrou no Santo dos Santos”. Note que o verbo “entrar” está no passado. O autor de Hebreus não diz “Cristo entrará no Santo dos Santos”, mas diz claramente que Cristo “entrou no Santo dos Santos”. 

Isso significa que quando o livro de Hebreus foi escrito, Jesus já tinha entrado no Santo dos Santos (não esperou até 1844). O verso 24 complementa de forma ainda mais direta quando especifica de forma inconteste o tempo da entrada de Cristo no santuário celestial. O verso diz que “Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, para comparecer agora por nós perante a face de Deus.” O que o autor de Hebreus quis dizer com a expressão “comparecer agora”? Porventura para ele “agora” significa em 1844? Ou significa na época em que o livro de Hebreus foi escrito? 

O ensino de que Jesus já havia entrado no Santo dos Santos na época em que o livro Hebreus foi escrito é novamente colocado em evidência em Hebreus 10.19. Neste verso somos convidados a entrar no Santo dos Santos “pelo novo e vivo caminho que ele [Jesus] nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne.” Este verso deixa claro qual foi o momento exato em que o acesso ao Santo dos Santos foi liberado: O caminho para o Santo dos Santos foi inaugurado por Cristo quando o véu, ou seja, a sua carne foi rasgada – isso ocorreu no dia da Sua morte. 

Cristo, após inaugurar este novo e vivo caminho através do véu em sua morte, ascende aos Céus e entra no Santo dos Santos assentando-se à destra de Deus. A questão é: Como conciliar o conceito claramente exposto em Hebreus com a interpretação tradicional adventista? Na época em que o livro de Hebreus foi escrito Cristo já estava assentado à destra de Deus no Santo dos Santos ou tal situação ocorreu apenas a partir de 22 de Outubro de 1844? Antes de responder a estas perguntas é importante lembrar que apesar das mensagens de Hebreus servirem para nós hoje, o livro de Hebreus foi escrito para o povo daquela época. Se houver alguma dúvida neste sentido, basta ler Hebreus 3.13 e 9:9. Não há duvidas que o livro foi escrito também para o povo daquela época.