(2ª Pe. 3.9) “Não retarda o
Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é
longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos
cheguem ao arrependimento.” As denominações religiosas exceto algumas, (e poucas) admitem
que a questão do não perecimento referido pelo apostolo Pedro citado no
versículo acima esteja relacionado a todas as pessoas que faziam parte do seu contexto.
Como sabemos, os escritos bíblicos são direcionados para toda era cristã,
logo, atribui tais denominações que Pedro está dizendo que o Senhor não quer
que ninguém pereça, isto é, ninguém mesmo.
Uma visão como esta é lastimável, e bastante confusa
principalmente no que tange a questão de Deus e sua soberania. Acredito que
tais teólogos não conhecem ou se conhecem não acreditam que Deus age, julga,
segundo a sua vontade. Ou que tais líderes não aceitam é o fato de que a decisão
de Deus está acima do querer humano. Podemos analisar este verso de Pedro
conjuntamente com o verso que se encontra em Ezequiel, onde Deus diz que não
tem prazer na morte do ímpio. (Ez.
18.23) “Acaso, tenho eu prazer na
morte do perverso? — diz o Senhor
Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?”
Assim como Pedro, Ezequiel foi direcionado para o seu
contexto, logo Deus estava arrazoando diretamente com Israel por meio do
profeta. Da mesma forma se tomarmos o verso de Ezequiel e o direcionarmos para
a era cristã, chegaremos a conclusão que ainda hoje, Deus não tem prazer na
morte do perverso. Que Deus não tem prazer na morte do perverso ou ímpio em
outras traduções é um fato real pois, muitos de nós fomos ímpios em algum tempo
no passado e mesmo assim Deus nos poupou de perecermos antes de conhece-lo. (Rm. 5. 6-8) “Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo
pelos ímpios. Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que
pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para
conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.”
Outro fato é que Deus não compartilha a natureza humana e
por isso não está sujeito as mesmas disposições oscilantes de espírito que nós
estamos, tais como ódio e paixão, raiva e maquinações humanas. Sendo assim,
podemos concluir que Deus não está preso as disposições e picuinhas humanas,
isso faz com que Deus tenha uma atitude diferente da nossa com relação ao
ímpio. Por isso a bíblia destaca que Ele não tem prazer na morte do perverso.
Acredito que este verso e outros que destacam a mesma
ideia, contribuiu para que as denominações enfatizassem que Pedro estivesse
relacionando todas as pessoas que estão sobre a terra, ou seja de que Deus não
quer que ninguém pereça. (Is. 14.24)
“Jurou o Senhor
dos Exércitos, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e, como determinei, assim
se efetuará.” (Jó 42.2) “Bem sei que tudo
podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.”
Estes
versos e outros tantos é que faz com que tal visão do não perecimento universal
se torne uma falácia. Em outras palavras é de dar pena quando ouço pessoas
dizendo que Pedro é enfático em dizer que Deus não quer que ninguém pereça. E
declarações como está são ditas todos os dias por pessoas e líderes religiosos
os quais defendem as suas denominações como sendo a “menina dos olhos de Deus”.
Ou seja, igreja verdadeira não profere algo que não seja somente a verdade,
portanto segundo tais líderes Pedro está ensinando que Deus não quer que nem
mesmo uma única pessoa pereça.
Porque este ensinamento não subsiste? Pelo fato
de que a vontade soberana e suprema de Deus deve sempre ser cumprida! (Gn. 1.3) “Disse Deus: Haja luz; e houve luz.” Conforme diz o Dr. Sprou, “a luz não
pode se recusar a brilhar”. Ou seja, se é a vontade soberana e eficaz de Deus
que está sendo tratada em 2ª Pedro 3.9 logo ninguém irá perecer. Mas podemos
ter a certeza de que não é a vontade eficaz de Deus que está sendo tratada no
verso em segunda Pedro ,
pelo fato de que o perecimento é algo que está registrado na bíblia. (2ª Pe.
3.10) “Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do
Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se
desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão
atingidas.” (Ap.20.15)
“E, se alguém não
foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de
fogo.”
Também
não é a vontade de preceito ou aquilo que Deus exige, pois caso fosse às
pessoas que vão perecer deveriam ser julgadas por terem perecido e assim
sucessivamente. Isso pelo fato de que nós podemos nos rebelar contra as ordens
de Deus, porém tal ação de nossa parte não será feita sem uma reação por parte
de Deus. Sendo assim o verso de Pedro não está tratando da vontade de
mandamento de Deus, pois a bíblia não ensina que os que perecerem por
contrariar as ordens de Deus irão perecer novamente. Tanto o perecimento como a
vida eterna serão são atos únicos.
Sem
nenhuma sombra de dúvida o verso nove de 2ª Pedro capítulo três está falando
dos resgatados ou dos ex-ímpios, não há outra explicação plausível. O contexto
em que se situa o capítulo três de Pedro já nos assegura isso (2ª Pedro 3.1) “Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas,
procuro despertar com lembranças a vossa mente esclarecida”. Pedro está se dirigindo não ao
mundo ímpio mas aos crentes, nos versos subsequentes ele destaca que os homens
ímpios iriam dizer que a vinda do Senhor não se daria, pois desde que eles eram
crianças já houviam tais declarações.
Como se não bastasse o próprio verso nove nos diz com
clareza explicita quem são aqueles que Deus e Jesus não quer que pereçam, “...pelo contrário, ele é longânimo para
convosco, não querendo que nenhum pereça...” Longânimo para convosco,
convosco quem? Ora, os que haviam crido e que estavam aguardando o Senhor isso
é claro. E o nenhum é o mesmo que o convosco, logo os cristãos que haviam e que
estão crendo estes estão debaixo da vontade soberana e eficaz de Deus e não irão perecer, os
ímpios que não se converterem estes irão perecer.
Mas a bíblia não diz que Deus não tem prazer na morte do
ímpio? Sim diz, e não tem mesmo, como disse acima, Deus não tem as mesmas
disposições que nós temos. Mas por outro lado segundo a bíblia o perecimento (e
isso se tratando de um perecimento espiritual) do ímpio do não convertido do
descrente, faz parte dos planos eternos de Deus, ou seja, não é do agrado de
Deus que o ímpio o perverso pereça, mas segundo a justiça de Deus é bom que ele
pereça.
Lembremos sempre, caso fosse o contrário ou que Deus
soberanamente e eficazmente impedisse o ímpio de perecer, ele jamais pereceria.
Mas não é assim, Deus não pode negar-se a si mesmo, portanto é bom que o ímpio não
pereça, mas é bom também que ele se converta, caso contrário a justiça de Deus será feita e
o ímpio certamente perecerá.