Nesta
postagem irei fazer uma análise resumida da impressão que tive após ler o
livro: “Zelota, A vida e a época de Jesus de Nazaré”. Naturalmente não
conseguirei “descrevê-lo” de uma só vez, portanto irei fazê-lo por mais de um
tópico. Não devendo fazer em
seqüência. O livro foi considerado um Best Seller
internacional. Na verdade o autor um iraniano, muçulmano de nascimento, imigrou
para o EUA e lá se “converteu” ao cristianismo. Na realidade o livro no que diz
respeito à história judaica e o momento turbulento do primeiro século é até
interessante. Apesar de como o autor eu também acreditar que houve acréscimos
por parte daqueles que quiseram tornar o cristianismo um tanto mitológico.
Acredito,
no entanto que o objetivo maior do autor é descredibilizar a bíblia, ou mais
propriamente o NT. Nas páginas (16-17) do referido livro, o autor descreve a
condição turbulenta que era o início do 1º século, atesta também que se
levantaram vários homens, dizendo ser o libertador de Israel, e Jesus foi um
deles, nada além disso. Para o autor do livro, a visão que os evangelhos e
mesmo as cartas paulinas passam de Jesus, não descreve a realidade dos fatos.
Para ele, a ideia de um Jesus misericordioso não coaduna com a missão do
messias judeu, sendo assim para o autor tanto as cartas de Paulo quanto os
evangelhos é uma adaptação dos primeiros cristãos.
Mt. 2.1 (Tendo Jesus
nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do
Oriente a Jerusalém.) Lc. 2.15 (E, ausentando-se deles os anjos para o céu, diziam os pastores uns aos
outros: Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a
conhecer.) Uma das primeiras tentativas em descredibilizar a bíblia
reside no fato do autor negar que Jesus tenha nascido em Belém da Judéia, para
ele tais versos são acréscimos; o autor é categórico em afirmar que Jesus não
nasceu em Belém mas sim na Galileia.
Sem
duvida, Jesus morava na Galileia, e segundo os relatos bíblicos cresceu naquela
aldeia. Mas isso não impede que ele realmente tenha nascido em Belém e muito
menos de ser descendente de Davi. Vejamos: Lc.
2.1 (Naqueles dias,
foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do
império para recensear-se.) Para o autor do livro o censo não foi para todo o
império, mas só para a judeia e, portanto segundo ele José não precisou se
alistar por morar na Galileia.
O autor se estriba dizendo que a história mostra isso.
Mas em se tratando de história, a bíblia é um livro de história. Por que as
pessoas recorrem a história para tentar descredibilizar a bíblia? Se a bíblia
não retrata a realidade que ela afirma quem pode garantir a credibilidade da
história paralela? O fato é que a bíblia diz e isso o autor não nega é que José
era descendente de Davi, e tentar provar que José não foi a Belém sua terra
natal, é o mesmo que tentar afirmar que Cabral não descobriu o Brasil.
Mesmo assim suponhamos que realmente acrescentaram na
bíblia o fato de José ter ido a Belém a despeito da história confirmar que
realmente houve tal senso nos dias de Quirino governador da Síria, digamos
então que “coloriram” a história para se adaptar a um acontecimento no caso o nascimento
de Jesus em Belém, isso de maneira nenhuma descarta a sua genealogia, ou seja
Jesus continua sendo descendente de Davi. Mas o fato do autor de Lucas
descrever o senso e a época ocorrida nos demonstra a plausibilidade de tal
acontecimento, em outras palavras o autor quis deixar o senso como um “marco”
comprovante histórico.
O autor também se contradiz, ele argumenta o seguinte: “Quirino convocou um senso para todas as
pessoas, bens, e escravos na Judeia, Samaria e Edom – não em todo mundo
romano.” “ Além disso o único propósito do senso era Fiscal, o direito
romano avaliava a propriedade, não o lugar de nascimento...” Pág. 56. Particularmente
quando se tratava de imposto. Ora, segundo o autor de Zelota, os moradores da
Galileia eram todos pobres analfabetos, inclusive o próprio Jesus. Mas depois
ele descreve que o senso abrangia até mesmo os escravos, não importando o lugar
de nascimento, mas o senso foi feito na judeia, e também o que importava
segundo o autor era a questão dos impostos, mas recolher imposto de escravos,
ou de pobres analfabetos? Bem, não vou duvidar da tirania dos governos opressores, mas a história se adapta mais ao registro do povo, conforme o relato
bíblico.
Outra tentativa de deturpação da pessoa de Jesus se
encontra na declaração do autor, onde ele afirma baseado em sua pesquisa
histórica que Jesus não foi nem de longe esse homem bondoso, paciente e
longânimo apresentado pelos evangelhos e pelas cartas paulinas. O autor declara
que há uma contradição nos relatos, Lc.
22.36 “Então, lhes disse: Agora,
porém, quem tem bolsa, tome-a, como também o alforje; e o que não tem espada,
venda a sua capa e compre uma.” Mt. 10.34 “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas
espada.” Segundo o autor de Zelotas,
essas palavras não procedem de um pacifista, mas de alguém que pela força
deseja estabelecer sua vontade.
Como sempre, as suas alegações são que as palavras de paz
ditas por Jesus não é dele e sim dos evangelistas os quais segundo o autor foram
pessoas de segunda e terceira geração pós discípulos que escreveram
(embelezaram) segundo suas intenções e dedicaram tais escritos aos apóstolos de
Jesus. Sabemos no entanto que a maioria dos estudiosos acreditam que os
evangelhos foram escritos entre 85-95 dC. Isto é, primeiro século, já as cartas
de Paulo foram escritas antes disso entre 48-85 segundo os eruditos.
Acerca disso o que podemos dizer sobre o livro Zelota? O
professor Luke Jonson um estudioso do NT. Acertadamente diz: “A enxurrada de
livros recentes que alegam desvendar o verdadeiro Jesus, todos sem exceção
seguem o mesmo padrões previsíveis”. O livro começa alardeando as credenciais
acadêmicas do autor e de sua prodigiosa pesquisa. O autor alega oferecer alguma
interpretação nova, e quem sabe até mesmo propositadamente ocultada, acerca de
quem realmente Jesus foi.
Afirma-se que a verdade sobre Jesus foi descoberta por
meios de fontes externas à bíblia que nos possibilitam ler os evangelhos de uma
nova maneira que está em desacordo com seu sentido superficial. E é exatamente
essa linha que segue o autor de zelota, quer recopiar os evangelhos baseado em
fontes posteriores e externas ao evangelho. Ora se não podemos confiar nos
evangelhos, como poderemos confiar em escritos externos aos evangelhos? Se de
alguma forma os líderes da igreja, (pós apóstolos) acrescentaram algo, esse
algo não foi sobre o que Jesus fazia, mas sim quem ele era.
Ou seja, realmente tornaram o Jesus humano em um Jesus Deus , isso é ponto
pacifico. Agora, dizer que Jesus não era um pacifista, e que ele queria
estabelecer o reino de Deus a força, e naqueles dias, não acredito.
Diferentemente daqueles que se rebelaram contra o domínio romano, Jesus não
buscou muitos seguidores, a maioria o rejeitava, diferente daqueles nos dias do
massacre em Massada. O
autor de Zelota falha por não ter uma percepção espiritual, acredito que este
público fará apologia ao seu livro.
Jesus não veio brigar com os romanos, não
tem como dizer o contrário, Mt. 8. 9-10
“Pois também eu sou homem sujeito à
autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a
outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Ouvindo isto,
admirou-se Jesus e disse aos que o seguiam: Em verdade vos afirmo que nem mesmo
em Israel achei fé como esta.” A
realidade é que o evangelho não é uma questão
somente de fé cega, mas sim de espiritualidade, a qual transforma a mente.
Evandro.