Eis um
assunto que gera bastante polemica, mas que preserva a realidade bíblica sobre
a soberania de Deus. Vale ressaltar que as palavras, presciência da fé, quer
dizer que Deus escolhe alguém olhando para a futura fé que tal individuo
exercerá.
As Escrituras ensinam que tudo relacionado ao evangelho tem o
propósito de glorificar A Deus e a Cristo, e destruir o orgulho do homem, ao
pensar que pode salvar a si próprio. Por consequência, alguma coisa que diminui
a glória de Cristo é inconsistente com o verdadeiro evangelho. Então, meu
propósito nesta questão não é ser contencioso, mas glorificar ao Pai e ao Filho.
Este pequeno artigo se propõe a
desafiar a posição antibíblica que alguns evangelistas modernos insistem em
pregar: a presciência da fé. Eu
gostaria especificamente de confrontar essa posição, sustentada por alguns, que
crêem que Deus observa de fora os corredores do tempo tentando ver quem crerá e
então os escolhe baseado na sua resposta positiva a Ele. Eu entendo que um dos
grandes motivos para alguns cristãos acreditarem neste conceito é que eles
desejam preservar o amor irrestrito de Deus a todos e não podem imaginar um
Deus que arbitrariamente escolhe alguns e condena o resto.
Se a eleição
incondicional fosse verdade, argumentam, então porque Deus não salvou todo
mundo? Escolher alguns e deixar outros não tornaria Deus arbitrário em Sua
escolha? Essas são objeções compreensíveis que eu espero responder no que se
segue: Se entendo corretamente a idéia da presciência da fé, os próximos três
pontos expressam corretamente o conceito central que esta posição sustenta:
A
salvação dos homens é definitivamente o resultado de suas escolhas ao contrário
de uma escolha divina, unicamente. A eleição é baseada pela presciência divina
da fé de certas pessoas e não somente por estar de acordo com Seu desejo e
misericordiosa vontade. A eleição é condicional, baseada na aceitação de Jesus
Cristo e não na determinação de Deus, mesmo quando a graça de Deus está
certamente envolvida neste processo.
Antes de entrarmos numa discussão dos
méritos da racionalidade (lógica), devemos considerar primeiramente que o
Cristianismo não é algo que nós deduzimos de uma mera filosofia especulativa.
Deus decidiu nos dar faculdades racionais e as ferramentas da lógica; mas, como
cristãos, isto deve sempre ser usado dentro dos parâmetros bíblicos que Ele
graciosamente nos concedeu. Pensar cristologicamente é reconhecer que podemos
saber de Deus somente da forma que Ele revelou-se a nós nas Escrituras; e as
Escrituras não dão evidência da doutrina da presciência da fé.
Portanto,
sustentar uma teologia apenas numa inútil lógica humana não é nada mais que
tirar os mais profundos fundamentos da nossa fé de fontes extra bíblicas. De fato, as Escrituras dizem... Aqueles
que [Deus] de antemão conheceu, também os predestinou, mas seria uma
exegese pobre concluir que isto deve significar uma fé prevista. É ir bem mais
além do que o texto realmente quer dizer. Todos devemos admitir que isto é ler
um conceito adicional que simplesmente não está lá, pelo motivo de o texto em
questão não dizer que Deus prevê algum evento (nossa fé) ou as atitudes que as
pessoas tomam.
Pelo contrário, ele diz aqueles que de antemão conheceu...
Em outras palavras, Paulo informa que Deus prevê pessoas. As Escrituras,
toda vez que citam Deus conhecendo pessoas, referem-se àqueles em quem o Senhor
imputou seu amor. Isto expressa à intimidação do conhecimento pessoal. Por
exemplo, o Senhor diz a Jeremias: Antes que eu te formasse no ventre
te conheci . Deus determinou de antemão separar certas pessoas por
amor, mas não pelas decisões delas (Amós 3:2; Mt. 7:23; João 10:14; 2 Tm 1:19).
Na verdade, a Bíblia ensina que a graça de Deus em nos escolher é livre,
baseada unicamente em Sua vontade, e não influenciada por capacidades natas,
desejo espiritual (Rm 9:16, João 1:13), mérito religioso ou a presciência da fé
das pessoas que ele escolheu para Si (Ef 1:5; 2:5,8). Pelo contrário, Deus atua
de acordo com Seu supremo propósito, que é Sua própria glória.
A todo aquele
que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que formei e
fiz. (Isaías 43:7) Inconsistências Lógicas. A partir da falta de evidência
bíblica para os defensores da presciência da fé, eu também gostaria de
evidenciar a falha fatal e a lógica inconsistente da própria pressuposição
antibíblica. Enquanto alguns retratam a fé prevista como uma dádiva de grande
liberdade à livre escolha de todos os homens, após uma reflexão mais profunda,
esta idéia mostra que nenhuma liberdade é dada ao homem no final.
Ora, se Deus
pode olhar o futuro e ver que uma pessoa A virá a Cristo e
que a pessoa B não irá crer em Cristo, então esses fatos já estão
consumados, eles já foram determinados. A presciência divina da fé e
arrependimento dos crentes implica a certeza, ou necessidade moral desses atos,
tanto quanto um decreto soberano. Porque
aquilo que é certamente previsto deve ser certo (R.L. Dabney).
Se nós
assumirmos que o conhecimento divino do futuro é correto (ponto pacífico entre
todos os evangélicos), então é absolutamente certo que a pessoa
A crerá e a pessoa B não crerá. Não existe qualquer forma de
suas vidas tornarem-se diferente disso. Conseqüentemente, é mais que correto
dizer que seus destinos já estão determinados, porque não poderiam ser
diferentes. A questão é: pelo que seus destinos são determinados?
Se
o próprio Deus os determina, então nós não temos eleição baseada na presciência
da fé, e sim na vontade soberana do Senhor. Porém, se Deus não determina seus
destinos, então quem ou o que os determina? É claro que nenhum
cristão diria que existe um ser mais poderoso que Deus controlando o destino
dos homens. Portanto, a única alternativa possível é dizer que seus destinos
são determinados por alguma força impessoal, algum tipo de sorte, operante no
Universo, fazendo todas as coisas agirem como elas agem.
Mas, qual o benefício
disso? Trocamos, então, a eleição em amor, de um Deus pessoal e compassivo, por
um tipo de determinismo guiado por uma força impessoal; e Deus deixa de receber
a autoridade final para nossa salvação. (Wane Grudem, Systematic
Theology). Além disso, ninguém poderia argumentar consistentemente que
Deus previu aqueles que creriam e seriam salvos e também pregar
que Deus está tentando salvar todo o mundo.
Se Deus sabe quem será
salvo, então seria um absurdo Ele acreditar que mais pessoas podem ser salvas
que aquelas que Ele previamente sabia que o escolheriam. Seria inconsistente afirmar
que Deus está tentando fazer alguma coisa que Ele já sabia que nunca
aconteceria. Da mesma forma, ninguém pode consistentemente dizer que Deus
previu aqueles que seriam salvos e em seguida ensinar que Ele faz tudo que pode
para salvar todos os homens do mundo.
Por este sistema, Deus estaria perdendo
tempo e esforço na tentativa de converter um homem que Ele sabia desde o
princípio que não O escolheria. O sistema antibíblico desaba por si mesmo. Alguns
poderão responder que não é nem eleição nem fé previstas, mas alguma coisa
no meio. Esta opção é excluída, por definição, a não ser que você acredite que
Deus não conhece o futuro. Em outras palavras, a única forma da posição de
meio-termo ser verdade é o caso de limitarmos a onisciência de Deus (uma impossibilidade).
Ou Deus sabe e decreta o futuro ou não.
Se Deus sabe o futuro e sua posição da
fé prevista é verdadeira, então Deus nos deixou nas mãos de um acaso impessoal.
Nossas escolhas seriam pré-arranjadas por um determinismo impessoal. Sua posição
coluna do meio poderia teoricamente ser correta se você afirmar a ignorância de
Deus em relação ao futuro, mas então Deus não saberia quem iria escolhê-lo e a
teoria inteira se desmancharia pelo fato da presciência da fé gerá-la.
Concluindo, a não ser que você deseje acreditar que uma força impessoal
determina nossa salvação, e que Deus não conhece o futuro (a heresia do Teísmo
Aberto), a posição da fé prevista é, ao mesmo tempo, biblicamente e logicamente
impossível. Com o propósito de honrar a Deus, nós devemos, neste assunto,
originar nossa autoridade das Escrituras e ser cuidadosos para não nos
apoiarmos meramente naquilo que nos foi ensinado em nossa igreja.
Antecipando o
contra-argumento que isto faria Deus arbitrário... Primeiramente, eu gostaria
de desafiá-lo a confrontar a seguinte passagem. Paulo encontrou a mesma
argumentação contra a eleição que isto faria Deus injusto e arbitrário. Romanos
9:18-23 18. (Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece a
quem ele quer. Mas algum de vocês me dirá: Então, por que Deus ainda nos
culpa? Pois, quem resiste à sua vontade? Mas quem é você, ó homem, para
questionar a Deus?
Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: Por
que me fizeste assim? O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso
para fins nobres e outro para uso desonroso? E se Deus, querendo mostrar a sua
ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os vasos de
sua ira, preparados para a destruição? Que dizer, se ele fez isto para tornar
conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua misericórdia, que preparou
de antemão para glória.
Para começar, Paulo não faria esta questão hipotética a
não ser que ele acreditasse que a determinação final da salvação estava apenas
nas mãos de Deus. Paulo está dizendo que Deus tem o direito supremo de fazer
conosco o que Ele quiser. Você irá condená-lo por este direito? Além disso,
como nós conhecemos a personalidade de Deus, nós não devemos pensar que, a Seu
modo, Deus não tinha razões ou causas para salvar a alguns e outros não o
propósito divino sempre conspira com a sabedoria de Deus e nada ocorre sem
motivos ou despropositadamente, apesar destas razões e causas não terem sido
reveladas a nós.
Nos Seus conselhos e obras nos quais nenhum propósito é perceptível,
este propósito ainda está oculto com Deus. Logo, o que Ele decretou nunca está
fora de uma justa e sábia concordância com Seu beneplácito, fundamentado em Seu
gracioso amor que nos envolve. Apenas não saber o porquê de Ele escolher
alguns para a fé e outros para a descrença não é razão suficiente para rejeitar
isto. Na falta de dados relevantes, nós, portanto, não temos razão, ou o
que for, para assumir o pior, portanto não há base legítima para duvidar da
benignidade de Deus aqui.
Conseqüentemente, duvidar que Deus possa escolher-nos
baseado somente no seu bel consentimento não é duvidar da bondade de Deus. Os
defensores da presciência da fé estão, na verdade, dizendo que são incapazes de
crer na escolha de Deus e preferem dá-la a seres decaídos, como se eles
pudessem tomar uma decisão melhor que Deus. Vamos resumir então a resposta à
acusação de Deus ser arbitrário: As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o
nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre,
para que sigamos todas as palavras desta lei. (Deuteronômio 29:29)
A eleição é
baseada nas qualidades morais de Deus (por exemplo: bondade, compaixão,
empatia, integridade, não-fingimento, imparcialidade, justiça, etc.) Deus tem
causas e razões para Suas escolhas, mesmo que estas sejam íntima dEle (ou seja,
desconhecidas nas criaturas). Nós sabemos que o Senhor é bom e, portanto
podemos confiar que Ele faria uma escolha melhor que as nossas. Deus não faz
nada sem razão. Ele não faz nada despropositadamente. Ele simplesmente não nos
revelou estas razões e causas, apesar de elas certamente existirem.
Como elas
não foram reveladas, estamos proibidos de tentar adivinhá-las. Porém, como
conhecemos a fidelidade de Deus, podemos nos regozijar em Sua sabedoria. Deus
não falta com razões justas para Seus atos. Estas razões justas estão
simplesmente ocultas para nós. Salvação não é condicionada por algo que Deus vê
em nós e que nos torna dignos de Sua escolha.
NENHUM dos Seus decretos é feitos
sem justiça e sabedoria. Devemos sempre ter em mente que Deus não é obrigado a
salvar ninguém e que todos nós somos justamente merecedores de Sua ira. Assim,
se Deus salva alguém, é puramente um ato de Sua misericórdia. Todos os
evangélicos concordam que seria justiça de Deus pôr toda a humanidade em julgamento. Por
que, então, seria injustiça de Sua parte julgar alguns e ter misericórdia do
resto?
Se seis pessoas me devessem certo valor, por exemplo, e eu perdoasse
quatro deles, mas ainda quisesse o pagamento dos outros dois, eu estaria totalmente
dentro de meu direito. Quanto mais Deus está? (Leia A Parábola dos
Trabalhadores na Vinha. Mateus 20:1-16). Portanto, isso não depende do desejo
ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus. (Romanos 9:16)
Por, John Hendryx