Baseado
no calendário gregoriano estamos findando mais um ano, e o que podemos dizer
acerca disso? Naturalmente todos nós que sobrevivemos, que ultrapassamos os obstáculos
que o contexto nos impôs, temos motivos de sobra para agradecer. Ao findarmos
esses 365 dias (se de fato isso se concretizar) podemos bradar fortemente,
vencemos! E isso é bom e louvável.
Lamentavelmente
os cristãos de nossa era têm uma mentalidade muito materialista acerca da
realidade que nos rodeia, ou daquilo o qual professamos crer. Sim, concordo
plenamente, devemos ser gratos pelo fato de vivermos mais um ano, mas o que
dizer da espiritualidade? Houve um crescente ou um regresso?
Festejar
por mais um ano vencido, ótimo! Por mais uma conquista adquirida, por mais um
projeto realizado, melhor ainda. Mas, e a nossa vida espiritual, progredimos?
Com esta postagem não anelo ser (figuradamente) tutor de ninguém, isso pelo
fato de ser falho e pecador, no entanto, ela tem como objetivo fazer uma
analogia entre tudo àquilo que adquirimos ou perdemos no decorrer deste ano civil
o qual está se findando, contrastado com alguns versos bíblicos, principalmente
encontrados no NT.
Digo isso
para todos que se intitulam cristãos, no final da mesma veremos que a despeito
de termos realizados todos os projetos, de termos escapados ilesos, de termos adquiridos,
vendido e prosperado ou mesmo perdido e fracassado veremos, no entanto que quase
sem exceção regredimos na espiritualidade. Existem algumas denominações cristãs
as quais inclusive estão ganhando forças ensinando a prática do materialismo,
ou seja, se você é cristão então você tem quer ser próspero, isso pelo fato de
associarem prosperidade material com bênçãos oriundas de Deus.
O
crescimento de tais denominações se dá basicamente pelo fato dos seus líderes
terem posto o “dedo na ferida” em outras palavras os líderes estimulam o que o
povo anela. Fato é que tal ensinamento e pensamento não encontram respaldo na
bíblia. Pelo contrário, Mt. 13.7 (Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram.) É interessante o relato de
Jesus nesta parábola, o fato dele associar a prosperidade material com os
espinhos, Mt. 13.22 (O que foi semeado entre os espinhos é o que
ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam
a palavra, e fica infrutífera.)
Mais alguém pode objetar: “não é Deus que nos dá todas as
coisas? Segundo o ensinamento bíblico é exatamente isso, o mesmo ensinamento
bíblico também nos adverte a não pormos a nossa confiança na riqueza e nos
mostra que elas não são fontes de bençãos primária. Sl. 62.10 (Não confieis
naquilo que extorquis, nem vos vanglorieis na rapina; se as vossas
riquezas prosperam, não ponhais nelas o coração.)
Existe
pecado em ser rico? Absolutamente. O problema não está na riqueza em si, mas
sim nos resultados que ela exige e produz. O próprio Jesus nos diz (o verso
acima) a fascinação das riquezas sufocam a palavra, lógico, estamos falando aqui
para pessoas que de alguma forma se importam com a bíblia e que principalmente
acreditam nela como sendo a palavra de Deus, não se discute o pensamento do
ateu ou do incrédulo a esse respeito.
Por
outro lado o oposto também é uma realidade, as derrotas a escassez, as doenças e
tragédias em geral minam quase que completamente a fé de uma pessoa. O pensamento bíblico
por outro lado enfatiza o revés como um sinal de crescimento espiritual,
naturalmente a sociedade do século 21 não pensa desse jeito. At. 14.22 (fortalecendo a alma dos discípulos,
exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas
tribulações, nos importa entrar no reino de Deus.) Tg. 1.12 (Bem-aventurado o
homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido
aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.)
Naturalmente a pobreza extrema e as provações também dificultam
o crescimento espiritual das pessoas da atualidade, baseado ao menos em dois
motivos: (1) vivemos e presenciamos uma sociedade capitalista, (2) o fato de
alguém ser menos próspero “sufoca a palavra” é o mesmo princípio da parábola do
semeador, muitos começam a medir prosperidade e fazer comparações, os cuidados
do mundo (algo desnecessário em minha visão).
O fato é que as duas partes, tanto a riqueza quanto a
pobreza degeneram o crescimento espiritual, os ricos é claro que tem suas
exceções passam a ser arrogantes e orgulhosos, ao passo que a pobreza faz com
que uma pessoa se torne menos favorecida e comece a fazer indagações a qual
derruba a sua alto estima, prejudicando a sua espiritualidade.
É neste sentido onde disse acima que a despeito de como
conseguimos sobreviver mais este ano não prosperamos espiritualmente, muitos
poderão dizer: “ fui a igreja o ano inteiro, participei disso e daquilo”. A questão principal é: o que ocupou a minha mente no decorrer deste ano? Sobressaiu
a espiritualidade ou não? Ou mais precisamente, como tenho reagido as diversas
situações que surgiram neste ano que está se findando? Tem elas tomado conta do
meu pensamento?
Se sim, não importa se escapamos ilesos, se fizemos um
bom negocio, ou mesmo se a escassez dominou o ano inteiro, não houve
crescimento espiritual. Olhando de uma forma bem humana sabemos lidar melhor
com a prosperidade do que com a escassez, a escassez não desnutre somente o
físico aniquila também a mente e consequentemente a espiritualidade. Por outro
lado a prosperidade muitas das vezes torna a pessoa “inchada” de um modo
figurado, não necessitando de mais nada.
Se os opostos são prejudiciais, se ambas, riqueza e
pobreza inibem o crescimento espiritual, baseado no ensino bíblico de que os
“cuidados do mundo” aniquilam ou sufocam a palavra, neste caso espiritualidade,
fica evidente que o problema está na mente do ser humano, ora, se nenhuma das
opções são favoráveis ao crescimento espiritual logo percebe-se que a causa
degradante não está na questão externa e sim na mente do ser humano a qual está
afastada de Deus.
Me refiro baseado no ensino bíblico da necessidade de um
nascimento e um consequente crescimento espiritual. A sociedade atual tem
demonstrado com os seus afazeres que o importante ou o existente ou mesmo o
necessário é somente o físico, a natureza humana e nada mais, atestam eles,
contrastando com isso e é claro me dirijo a cristãos, somos informados pela
bíblia que apesar de sermos seres palpáveis, temos uma natureza espiritual que
necessita crescer, a qual facilmente pode ser sufocada.
A grande
questão é: o que fazer? Ou como fazer. Parece-me que a sociedade do primeiro
século estava mais apta a responder esta questão, ou será que alguns cresceram
em sua vida espiritual de uma forma que não conseguimos acompanhar? Fl. 4.12 (Tanto sei estar
humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já
tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de
escassez.)
O verso nos mostra que as situações adversas
independentes de como ocorriam não sufocavam a espiritualidade de Paulo e outros, sendo
assim isto confirma a minha tese, nem riqueza nem pobreza são problema em si,
mas sim a mente secularizada que atrofia
a espiritualidade. O que fazer para reverter tal situação? Acredito que orar,
preencher a mente com questões espirituais e exercitar os ensinamentos bíblicos,
questões nada fáceis para nós que vivemos no século 21, mas acredito também não
ser algo impossível.
Um feliz ano novo a todos.
Evandro.